segunda-feira, 2 de outubro de 2023

COMUNICAÇÃO - JAIR LITTIG - 2020 Pat.: II / II

 O dia em que a vila do Braço do Sul, foi manchete do Jornal Estado do Maranhão. Quando da  inauguração da estação ferroviária da Estrada de Ferro Sul Espirito Santo, em 13 de maio de 1900, o jornal publicou o acontecimento na primeira pagina, em 15/05/1900. Evidências Biblioteca Nacional RJ.   

                                    Telégrafo e Telefone

A partir de 1910 o telégrafo era meio mais rápido de comunicação da Vila de Marechal Floriano. Situado na estação ferroviária Neste mesmo ano o relatório da Estrada de Ferro Sul Espirito Santo registrou mais de treze mil telegramas, realizados   nas estação de Vitória , Viana, Santa Isabel, Marechal e Araguaia e Matilde. Você ia na estação, solicitava o serviço de telegrafia ao agente da Estação, informando o conteúdo. Quando era para Vitória , transmitia direto. Para o Sul, primeiro para Matilde, depois Cachoeiro, Rio de Janeiro e até chegar o destino final. Tudo na maior velocidade. Outra coisa, quanto mais palavras continha a mensagem, mais caro custava. Era comum não usar preposições, pois diminui o valor. Em Marechal quem entregava o telegrama era o Guarda-chaves Olímpio Penha.O telefone, no governo de Nestor Gomes, em 1924, instalou uma linha telefônica entre Vitória, Campinho e Marechal. No final dos anos cinquenta ainda conheci um telefone situado no Hotel, na ocasião administrado pela Alice Boneli, esposa do mestre de linha Raul. Tinha comunicação com Campinho e Sapucaia. Era muito usado para comunicar  com e eletricista da Central, o sr. José Corassa, avisando que não tinha energia na vila. O aparelho era a pilhas, onde tinha acionar uma chave, direcionado para o local da comunicação. Uma pessoa responsável atendia, onde a mesma tinha procurar na vila a pessoa e trazer até o aparelho. Isto demora muito. Era normal o sinal cair.  Em dia de temporal, era impossível ter fone no ouvido, já que descarga vinha em direção do aparelho. Na década de setenta foi instalado uma central  telefônica  em Campinho. Em Marechal somente anos depois, que veio já os telefones residências. A direita tipo de telefone que tinha no Hotel de Marechal Floriano. Foto Internet.

                     Rádio

Depoimento de Ondina Pereira (Nonoca), na residência de seus pais, na década de  trinta já havia um rádio na sala principal. Até o início dos anos setenta, a rádio predominava. O reporte Esso, marca registra das notícias, quando dava 20:00 horas, horário de Brasília, quem tinha rádio, sintonizava a rádio Nacional, para escutar as notícias  do Brasil e do mundo. Outra grande audiência foi as novelas da rádio Nacional. A famosa, Direito de Nascer, ficou por mais de três anos em audiência. No futebol, aos domingos na padaria do seu Manoel, tinha gente de todos os lados. Em 1958 em Marechal , quem dominava era o Fluminense, inclusive o dono da padaria. Ainda tinha o Bar América, que em 1960 quando o América do Rio foi campeão, teve uma grande festa, mesmo com três torcedores, os flamenguistas, vascaínos e botafoguenses, torciam pela América. Miguel Antonio Mascoli mais conhecido como seu Mascoli. Foi agente de estação em Marechal Floriano entre 1955 a 1957. Na época o  agente de estação fazia de  tudo na vila, de delegado a eletricista .Era um torcedor fanático do Botafogo do Rio de Janeiro. Em 1955 um jogo entre o  Botafogo e América, onde  o seu time tinha que ganhar  para chegar a final com Flamengo. Quando o América fez o terceiro gol, seu Mascoli correu no transformador  e desligou a sistema de energia da vila. Não havia rádio a pilha.  Ao anoitecer quando o jogo já tinha terminado, ligou a energia. Resultado América 3 x Botafogo 1. Aos domingos tinha um programa musical na rádio Nacional. O rádio da D. Arlete esposa, do Olímpio Schunck, podia ouvir a distâncias. Em 1960 começou a era dos rádios a pilha, um dos mais famosos era  Mitsubishi, tinha fone de ouvido. Quem tinha, esnobava. Direita foto de 1960 da residência do seu Manoel Padeiro, ao lado o bar.  Uma história interessante. Em 1965, empregados da Construtora Queiroz Galvão, residiam na Pensão Recreio do seu Alfredo. Um eletricista tinha um transmissor de rádio, de baixa potência. A noite ligava e fazia transmissão. Antonio Raymundo Vieira, mais conhecido como Toninho Lanterneiro, tocava violão elétrico. Um grupo de pessoas, sentados na plataforma da estação, ouvindo o Toninho tocar, no radinho a pilha do Carlinho Pimentel.
                Rádio na Segunda Guerra Mundial
Em 1942, com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ficou proibido falar o idioma alemão . Na época haviam espiões para saber quais famílias ainda praticavam o idioma. Emílio Oscar Hülle, teve que retirar do túmulo de seu filho Albert, as informações em idioma alemão, e transcrever em português. Emílio Gustavo  disse que seu pai tinha costume de ouvir a Rádio Alemã, Deutsche  Welle. Em 1942 o governo  proíbe a recepção radiofônica de notícias de guerra. Quem desrespeitava era severamente castigado. Esteve na sua residência um militar  proibindo de sintonizar a emissora,  com pena de ser preso, caso não cumprir a ordem. Seu filho Emilio Gustavo diz que  na época era normal ouvir rádios estrangeiras para saber noticias da guerra. Aos domingos muitos florianense visitavam meu pai para saber noticias da Guerra. Francisco Entringer, relatou que foi varias vezes na casa do seu Emilio. Emilio Oscar foi intimado, e teve que comparecer a delegacia de Campinho, onde recebeu ordens de queimar documentos e fotos dos seus antepassados  alemães, como também teve apagar as escritas no idioma alemão, das sepulturas de seus dois  filhos. Quanto a documentação e fotos, enterrou ao lado do fogão. Hoje estes livros e fotos encontram-se com o seu neto Jair Littig. A direita os túmulos dos seus filhos Albert e Fridolina, onde podemos que foram raspados, onde tinha inscrição no idioma alemã. Foto acervo Jair Littig. 


       O Rádio na minha adolescência
Desde de 1958 eu já escutava rádio, principalmente futebol. Na copa de 1958, ouvia-se os jogos. Como não havia muita tecnologia, as transmissões falhavam no momento em que o Brasil estava atacando. Quando retornava, nada  acontecia ou era um gol. Desde cede gostei de ouvir rádio e ler jornal. Nos anos sessenta ouvir rádio nas ondas curtas era um divertimento dos jovens. Em Marechal a noite não tinha nada a fazer, eu sintoniza as rádios internacionais, para ouvir noticias. Eu era filatelista nesta época, onde  fui sócio do clube filatélico da Voz da América, em Washington, Da Deutsche Welle de Berlim, Rádio França, BBC de Londres, Rádio Suíça. Além de selos trocávamos  correspondências. Conheci muitas gente pelo rádio. Em 1969 correspondia com uma pessoa em Zurique, através da rádio Suíça. Em 1987 quando fui pela primeira vez na Europa, lembrei do amigo Charles. De Lisboa mandei uma cartão informando que dentro de dez dias estaria em Zurique e informei o nome do hotel. Minha surpresa, quando cheguei, já havia um recado do Charles. Apresentou a bela cidade  da Suíça.  No período do regime militar, as notícias dos jornais e rádio, não eram muito confiável. A BBC de Londres tinha um programa semanal em português ( Semanário para América Latina). Quando a notícia vinculava o Brasil, e esta não agradava o regime, utilizavam um sistema de bip, onde não podia entender nada. Em 1969 a rádio Voz da América mencionou meu nome, sobre a minha temática filatélica. Recebi muitas cartas de vários países. Um chinês de Pequim, tinha os selos que desejava.  Tinha interesse em selos brasileiros. Ele enviou-me uma carta volumosa, contendo selos e postais e fotografias da China. Minha surpresa foi que recebi uma carta dos correios, onde eu tinha que comparecer na agência central de Vitória. Pensei até que você um emprego. Na verdade quando fui conversar com a pessoa indicada, era um militar. Na mesa estava um envelope aberto, onde um senhor informou que por motivos de segurança, a minha carta teve que ser aberta. Já que a mesma veio de um pais comunista Aconselhou-me a não ter contatos com pessoas de regime. Eu simplesmente disse que era um filatelista. Em 1976 já residia em Vitoria. Tinha correspondência  com uma moça de Ozorno. Chile. Também filatelista. Numa ocasião enviou-me selos e jornais. Recebi novamente uma carta dos correios. Eles não abriram o envelopes. Passei pelo sermão, já que na época o Chile e Brasil, não tinham boas relações. Em 1982 fui transferido para o Maranhão. Na época da construção da ferrovia, eu morei em muitos locais que não havia  televisão. Eu tinha meu rádio Transglobe Philco de nove faixas. Nesta região do Brasil, somente a Rádio Nacional da Amazônia sintonizava. Mas as rádios exteriores o som eram perfeitos, pois a maioria delas tinha  transmissoras nas Guianas. A rádio Margherita  de Bogotá era a minha preferida, devido seus programas musicais.

Meu rádio Transglobe Philco de nove faixas. Comprei em 1972. O rádio prestou serviço, promoveu entretenimento, ajudou as pessoas nas suas comunidades. Foi uma ferramenta essencial e continua. Mudou totalmente o isolamento das pessoas. Por meio desse aparelho, milhões de pessoas tiveram acesso a notícias, músicas, radionovelas, programas humorísticos, esportivos e de variedades. 

Meus registros: Rádio Suíça Internacional, Deutsche Welle e BBC de Londres.

Na imagem abaixo. Foi através do rádio que consegui comunicar-se em1968 com Ministro da Relações Exteriores José de Magalhaes Pinto.


 
                                               
                                                       Televisão

Em 1964 foram feitos os primeiros testes com a televisão.  Eloyr Nascimento da Vitória, filho de Marechal, trabalhava na  R.F.F.S.A  em Cachoeiro do Itapemirim  trouxe uma tv portátil , onde começou a fazer os primeiros testes, mas não teve sucesso. Mesmo no lugares mais alto como no moro da escola a imagem e o som eram de péssima qualidade. Já em 1966 a situação melhorou. Paulinho Pereira , Paulina Stein já tinham suas televisões. Na copa do mundo de 1966, a transmissão não era direta para Brasil. Assistimos vinte quatro horas depois. Na residência do Paulinho, era uma multidão para o ver o jogo.  Em 1970 com jogos diretos, tínhamos aparelhos por todos os lados. Na rua de cima Alvino Wassem ,Manoel dos Santos  e Eduardo Ruph. A tv do Paulinho, a antena ficava no alto de um morro, onde havia um obstáculo. O fio passava por cima da ferrovia, onde  não era permitido. Mesmo assim ficou bastante tempo. Através da Associação foi comprado um repetidor , onde a situação ficou ainda melhor. Na imagem a esquerda TV Tupi. Para os antigos, esta é a primeira imagem de um canal de televisão em Marechal Floriano.


 Fim da Transmissão!

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