1956 – Inicio escolar
Naquela ocasião para iniciar os estudo primário tinha que ter 07 anos. Como nasci em setembro, só pude frequentar em março de 1956. Lembro-me bem deste dia. Minha mãe comprou os utensílios escolares, fez uma camisa branca de linho, calça azul e uma gravata da cor da calça, com uma lista branca. Sai de casa não muito contente, com meu tamanco de madeira e a bolsa. Minha mãe deu-me uma nota de um cruzeiro para comprar um pão e doce. Passei na padaria do seu Manoel, fiz a compra, Segui, atravessei a linha, passei em frente do comércio do meu tio Augusto, enfim cheguei na escola, muito desconfiado. Lá estava a professora, Maria da Penha Oliveira, natural de Jardim América. Jovem, de baixa estatura, muito educada. Muita gente, iniciantes e segundo ano. Só conhecia meus primos Oberdan, Wilson e Ademir. A maioria descalço. No outro dia também coloquei meu pé no chão. Foi formado uma fila, separando escolaridade, cantamos o hino nacional, entramos e rezamos. Sentávamos em dois. Na primeira parte da manhã era português. 10 horas era o recreio. Mas os novatos não podiam sair do pátio. Era meia hora de comilança e divertimentos. Eu era muito tímido, só ficava observando, ou conversando com colegas que conheci. Tinha o Lino Endlich que era segundo ano, usava um óculos de grau muito forte, no recreio utilizando de suas lentas, voltada paro sol, queimava folhas de eucaliptos. Edgar Rupf costumava trazer um tipo de chiclete que nunca tinha visto. Depois de mascar, fazia aquelas famosas bola. Eu ficava encantado. Depois do recreio vinha matemática. Nos sábados eram 02 horas de aula, com caligrafia e desenho. Lembro-me quando fiz a primeira prova. Tinha que ser num papel almaço e não podia utilizar lápis, e sim caneta. A escola dava a tinta, que era colocado num vidro, e este num buraco no meio da carteira. A medida que a pena secava, tínhamos enviar no vidro. O problema era os pingos de tinta, quando batia na roupa. Confesso, cheguei em casa com muitas bolinhas azul. Minha mãe ficou uma fera. A esquerda foto de Walcir Endlich . Em 1957 passei para o segundo ano, a professora Laura Campos, mais conhecida com D. Laurita. No início deste ano acontece um imprevisto. Num certo dia eu raspei a carteira com uma gilete. D. Laura veio com uma régua de madeira, e deu-me umas vinte palmadas. Fui pra casa, e contei a minha mãe, e disse que não voltaria mais. Mamãe foi lá e conversou com D. Laura, tudo foi resolvido e voltei a estudar. No ginásio ela foi minha professar de história e matemática, ficamos bons amigos. No final do ano fui aprovado. Até 1957 se cantava o hino nacional, mas na quinta feira era o da bandeira. Ficou decidido que uma vez ao mês, teria que cantar o hino do Espirito Santo. Em 1958 tive varias professoras entre ela, Sonia Santos e D. Fernandina. Neste ano também fui estudar na escolinha particular de Genoveva Gama, mais conhecida como Santa. Em 1959 fui para o quarto ano, sendo a professora Theozilda Schwambach de Campinho. Tivemos uma novidade, foi construída uma sala provisória no pátio do recreio, onde não mais haviam duas turma para uma única professora. Neste ano não estudei o suficiente e fui reprovado. Em 1960 foi meu último anos com a professora Evany, natural de Mimoso do Sul. Ela não ficou para a formatura. Pediu aos alunos que escrevessem uma carta, para saber como foi o seu desempenho. Foi a primeira carta que escrevi na minha. Vida. No ano seguinte fui para o ginásio de Campinho. Abaixo da esquerda para direita Sônia Maria dos Santos, Genoveva Gama, Theozilda Schwambach e Laura Campos Silva .
Festas da Escola
Dia das mães era sagrado com cantoria e poesias. Dia da árvore, plantamos ao redor da escola. Semana da pátria, começávamos a treinar nas ruas da vila ao som de um dois, da D. Fernandina. Não tínhamos banda. No dia 07 partíamos de caminhão do Fiore Nalesso. Na carroceria haviam bancos de madeira. Quando chegávamos em Campinho, era aquela rivalidade. No tínhamos estampado no bolso da camisa, M.F, iniciais de Marechal Floriano. Chamávamos de morta fome. E nos de tinta preta, iniciais do T. F ( Teófilo Paulino). Era uma guerra de palavras. No final do desfile era uma maravilha, aquele pão com salame com guaraná Coroa. Tinha a festa do final do ano, onde recebíamos o famoso boletim de aprovação. Era um dia de alegria para muitos, outros, tristeza. Muitas vezes tivemos grandes festas com dançarinas, musical, poesias e até teatrinho. Geralmente eram historias folclóricas, onde tinha um palco improvisado, com uma cortina de cobertor velho. Peça interpretado pelo Elisiario Ferreira ( Lilinho), e suas duas irmãs Vera e Elza. O trio era animado e competente. Na imagem abaixo, Desfile de sete de setembro em Campinho.07/09/1956. Oberdan, Roberly e Jair. Acero Oberdan José Pereira.
Curiosidades.: Tinha três coisa na sala de aula que eu prestava muito atenção. Um era o mapa da América do Sul, onde na parte do Brasil, só tinha os nome de São Paulo. Rio de Janeiro e Salvador. Perguntei uma a professora, onde esta do Espirito Santo. A resposta esta no mapa grande do Brasil, disse a professora. A segunda era uma ilustração contendo ilha, baia, istmo, rios, lagos e montanhas. Achava muito bonito. A última era um quadro com uma moldura dourada, de senhor. Perguntei a D, Fernandina quem era aquele senhor? João Pessoa, foi além, este quadro esta em Marechal a muitos anos. Veja em anexo Jornal Diário da Manhã 01/08/1931. João Pessoa foi assassinado em 06 de outubro de 1930, em Recife. Era vice candidato de Getúlio. Sua morte comoveu o pais. Em 1931 o governo estadual, mandou colocar em todos colégios, o retrato do Joao Pessoa. Em Marechal também colocaram. Veja no anexo a esquerda.
Hercílio Pereira estudou na década de vinte no colégio Pedro Palacio de Cachoeiro do Itapemirim. Vitrine Capixaba, Sônia Maria Santos, Maurício Faria, Alfredo Lovatti.
Ginásio
Era o ano de 1964, quando chegaram em Marechal Floriano, empregados do antigo D.N.E.R, vindos de Minas e Bahia. Entre eles estava José Gonçalves dos Santos, mais conhecido como Maroto. Tinha um conhecimento profunda da politica brasileira, principalmente no período getulista. A última vez que estive com Maroto, discutimos sobre Canudos, livro que leu duas vezes. Antes de entrar na política, desempenhou com muito esforço na implantação de um ginásio em Marechal Floriano. Em 27 de setembro de 1967, a Campanha Nacional de Escolas da Comunidade Gratuita, com a colaboração do Sr. Nicanor Paiva, presidente estadual da entidade, fundava o curso ginasial em Marechal Floriano.
Primeiros Professores do antigo Ginásio da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade - CNEC - Marechal Floriano.
Desfile de 07 de setembro, alunos do ginásio de Marechal, no bairro Jarbinha. Ainda podemos ver a antiga casa do sapateiro Nicolau Marques e no fundo do Humberto Stein. Foto Museu da igreja católica de MF.
Fontes de Pesquisas:
- Hemeroteca Digital – Biblioteca Nacional – RJ
- Arquivo Nacional -RJ
- Arquivo Público do Estado do Espirito Santo – APEES
- Casa da Cultura de Campinho. ES
- Museu da Imigração de Marechal Floriano. ES
- Museu da igreja católica de Marechal Floriano. ES
- Documentos da igreja luterana de Campinho. ES
- Documentos da igreja católica de Santa Isabel - ES
- Casa da Cultura de Araguaia.
- Provincial Report. – Chicago USA
- Acervo Jair Littig
- Entrevistas:
- Nadir Kuster
- Ondina Pereira
- Walter Littig
- Edmundo Littig
- Joel Guilherme Velten
- Paulina Hülle
- Emilio Gustavo Hülle
- Augusto Henrique Hülle
- Carlota Joana Hülle
- Flores Passinato
- Ondina Pereira
- Fausta Simões
- Marlucia Merisio
- Genoveva Gama
- Floriano Hehr
- Eduardo Klippel
- Alzira Klippel
- Elza Stein Chagas
- Livros:
- Marechal Floriano Resgatando Memorias - Giovana Cristina Schneider
- Os Italemães na terra dos Botocudos – José Eugênio Vieira e Joel Guilherme Velten.
- Gustavo José Wernersbach – A História de vida de um Vencedor – Sandra Maria Wernersbach e Maria de Penha Ronchi Wernersbach
- Município de Domingos Martins – Ezequiel Sampaio dos Santos – Miguel A. Kill Rutiléa Bigossi e Jonas Braz Murari.
- Recordações de uma Vila – Ezequiel Ronchi Netto
- Presença Luterana no Espírito Santo – Waldemar Gaede
- Domingos Martins e a tradição luterana – Joanna Ferrari
- Viagem à Província do Espirito Santo – Victor Frond
- Registros de Santa maria do Araguaia- Argeu José Kröhling
- Fotos;
- Acervo Jair Littig
- Oberdan José Pereira
- Museu da Imigração de Marechal Floriano - ES
- Casa da Cultura de Campinho – ES
- Joel Guilherme Velten
- Lucio Pereira
- Nadir Kuster
- Netos de Carlos Littig V
- Zilca Maria Wernersbach
- Cesar Ronchi
- Museu de Araguaia – ES
- Museu da igreja católica de Marechal Floriano. ES
- Jlittig@terra.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário