O comércio de Marechal Floriano começou em 1882, pelo imigrante suíço naturalizado brasileiro, Adolpho Kuster. Conforme informações do meu tio Emílio Gustavo Hülle, este estabelecimento ficava na estrada de Batatal . Seu principal negocio, era a compra de café, mas tinha secos e molhados. Nesta época tudo era muito difícil, já que as mercadorias tinham que ser transportadas por tropas de animais. Tudo vinha da capital, Vitória. Grande parte do trajeto era montanhoso. Uma tropa levava em media dois dias ate chegar na Vila do Braço do Sul. Com a chegada da ferrovia em 1900, tudo ficou mais fácil. Com menos de três horas, a mercadoria chegava na vila. Utilizava-se pouco dinheiro. Havia uma troca, o negociante vendia fiado, o lavrador pagava com venda da colheita. Quando a colheita não era boa, o lavrador endividava-se. Assim o colono tinha que pegar dinheiro emprestado. O negociante virava banqueiro. Estes empréstimos as vezes não se conseguia pagar. O lavrador tinha que vendar seu terreno, para sanar a dívida, onde passava a trabalhar de meeiro. Imagem acima; O Jornal a Província do Espírito Santo de 27/11/1886, traz uma reportagem sobre os colono suíço Adolfo Kuster na época já despontava como grande produtor de café. Entre 1882 até 1970, a maioria dos comércios, eram de pequeno porte, na época conhecidos como vendeiros. No final do século XIX, o maior negociante foi Philipp Endlich, na vila do Braço do Sul. Com a crise do café e a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em outubro de 1929, o comércio teve uma queda brutal. Em 1957 com início da construção da BR 31, hoje 262, o comércio voltou a tona, principalmente na vila de Marechal Floriano. Como podemos ver foi uma ferrovia que deu impulso ao comércio desta região, no início do século XX. Depois uma rodovia, que fez principalmente a cidade Marechal Floriano, ser hoje um grande centro comercial. Foto ao lado comercio de Philipp Endlich. Foto tirada antes de 1910. Acervo Ercilia Travaglia.
Na região tivemos fábricas, como a de tijolos, fundada em 1896, pelo imigrante suíço Jacob Kuster. Na vila de Marechal Floriano, a maioria das antigas casas, inclusive e a primeira igreja católica, foram construídas com tijolos provenientes desta olaria, que ficava nas margens do Braço do Sul, na final da atual rua Dr. Arthur Gerhardt. Jacob também foi primeiro carpinteiro, marceneiro e fabricante de peças de madeiras, utilizadas na antigas fabricas de farinhas, como roda d'água e polias. A altar da primeira igreja católica de Marechal, foi construído pelo Jacob. Os moinhos hidráulicos foram sem dúvidas as primeiras fábricas, onde produziam farinha de mandioca e fubá. Estes moinhos também eram conhecidos com Quitungo, palavra que vem do Tupy, onde o historiador Roque Ribeiro diz que nome é originário de “Conta-se que escravos fugiam das fábricas de farinha dentro de cestos de farinha ao longo do rio que hoje leva o mesmo nome (rio Quitungo/ R.J)”. Em 1934 João Lübe Sobrinho construiu um galpão na Vila de Marechal, para fabricar vinho de laranja. Anexo o Jornal Diário da Manhã de 04/08/1933. Reportagem sobre a fábrica de João Lübe Sobrinho. Comércio ambulante, geralmente vendia de tudo, mas o carro chefe eram joias. Um dos mais famosos foi Hamilton Linz, natural do Rio de Janeiro. Começou em Matilde em 1930. Veio para a vila de Marechal em 1940. Vendia roupas e sapatos. Generoso Mendes, natural de Cachoeiro do Itapemirim, especialista em joias. Ainda tinha seu Vicente, natural de Vitoria, vendia joias, sendo seu produto maior, cordão de ouro entrelaçado. Ferreiros, os mais antigos foram os germânicos Georg Balzer, Carl Gottlieb Dietze e Hermann Rudolf Hülle, chegaram na vila do Braço do Sul em 1860. Alfaiates, um dos mais antigos foi Johann Littig I, imigrante que chegou na Colônia de Santa Isabel em 1859, região de Sóido. Em 1896 mudou-se para a Vila do Braço do Sul, onde exerceu sua função até 1915. Na imagem ao lado Automóvel do Emílio Entringer alugado para transportar o vendedor Hamilton Linz – 1931. Comércio de Ercílio Pereira em Ponto Alto.
Mercado
A partir de 1920 a estação virou uma espécie de mercado, os compradores vinham de Vitória no trem da manhã e voltava a tarde. Comprava de tudo, farinha de mandioca, laranja, aipim, avos, galinha, sendo que o mais procurado era o carvão vegetal. Tudo era negociado na plataforma da estação. Ondina Pereira que relatou esta história, dizia que era muito bom para a vila, já que toda semana entrava dinheiro, e melhor ainda era para o seu pai que tinha o comércio ao lado, onde o povo ia comprar suas necessidades. Abaixo Foto de Marechal Floriano da década de 30. Antiga praça da Estação. Original pertence a Oberdan José Pereira.
Negociante de Marechal Floriano 1882 até 1970
Adolpho Kuster
Nasceu em 01 de janeiro de 1852 em Diepoldsau , Suíça, filho de Johann Kuster e Bárbara Weder. Chegou na Colônia de Santa Isabel 1862, Braço do Sul . Foi o primeiro comerciante da Vila do Braço do Sul, na estrada do Batatal, em 1882. Em 18 de julho de 1874 casou com Louise, nascida na Colônia de Santa Isabel em 28 de novembro de 1852, filha de Miguel Trarbach e Elisabeth Mayer, falecida em 10 de maio de 1941. Adolpho em 14 de setembro de 1911. Em 10/02/1883, fez o juramente de naturalização.
Jacob Kuster
Nasceu em 26 de janeiro de 1856 em Diepoldsau , Suíça, filho de Johann Kuster e Bárbara Weder. Chegou na Colônia de Santa Isabel 1862, Braço do Sul. Foi o marceneiro/carpinteiro da Vila do Braço do Sul. Em 20 de maio de 1887 casou com Maria Ana Hülle nascida na Colônia de Santa em 28 de fevereiro de 1867, filha de Hermann Rudolf Hülle e Bárbara Kiefer falecida em 27 de maio de 1956. Jacob em 02 de abril de 1942.
Abaixo Detalhes de moveis construídos pelo Jacob. Cabeceira de uma cama e guarda-roupa que esta na residência de Oberdan José Pereira, em Marechal Floriano. Os móveis pertenceram a José Henrique Pereira.
Philipp Endlich
Nasceu na Alemanha em 1844, filho de Johann Wendel e Anna Marie Möher. Chegou na Colônia de Santa Isabel em 1859. Em 09 de janeiro de 1868 casou com Anna Marie Degen, na Igreja Católica de Santa Isabel. Foi o primeiro presidente provisório da antiga colônia de Santa Isabel. Exerceu a função no período de 19 de dezembro de 1893 a 21 de abril de 1895. Para ser o Presidente provisório, Philipp teve que naturalizar brasileiro. Recebeu a carta de naturalização em 1883, conforme decreto nº 1950, datado de 12 de julho de 1871. Em 13 de julho de 1891 comprou do Sr. Manoel Gerhardt um lote dentro da Vila do Braço do Sul, de número 252 que pertencia a Johann Grazskop. Construiu o comércio na antiga vila do Braço do Sul. Com o projeto de construir uma ferrovia, Philipp mudou-se Santa Isabel e comprou lotes ao lado da linha onde construiu seu comercio e casa de moradia. Em 1902 já era o maior comerciante do antigo município de Santa Isabel. Viajava constantemente para Europa. No dia 11 de junho de 1905, partiu do Porto de Vitoria, no navio Asuncion, da empresa Hamburg Südamerikanische sendo o comandante, H. Meyer, sendo o destino Hamburgo, fazendo escalas na Bahia, Lisboa e Leixões. Com Philipp estavam seus filhos Manoel, José e Clara, João Endlich e Senhora e com os filhos José e Frederico.Todos embarcaram em 1ª classe, adquiridos pela empresa de passagem Zizen, Vitória.Seu amigo Jacob Kuster, viajou de 3ª classe. No retorno desta viagem, Philipp faleceu perto do porto de Lisboa. A familia ainda tentou sepulta-lo em Lisboa, mas não conseguiram. Após um tempo de viagem, seu corpo foi sepultado no Oceano Atlântico. Abaixo Foto de viagem: da esquerda para direita Ferdinand Bernardo Müller e sua esposa, Anna Dietze, Clara e seu pai Philipp Endlich . Conforme descrito no verso da foto , o fotógrafo foi Joh Niclou, situado na König Strasse 5, Johannisgarten - Cheminitz – Alemanha 1898.
Com a morte de Philipp em 1905, sua esposa assumiu o comércio. Reformou o antigo sobrado em 1910. Na margem esquerda do Rio Braço do Sul, próxima a ponte para pedestre, foi construído um novo comércio , exclusivo para sal, sendo o responsável seu filho mais novo Emilio. Este local mais tarde foi transformado em residência. Firma Endlich & CIA. Os irmãos Emilio e Manoel fundaram uma empresa com nome de “Irmãos Endlich. Não sabemos a data inicial, mais em 1914 já existia. Conforme propaganda ao lado. Posteriormente entrou outro sócio, Manoel Kill Filho, sendo que a firma passou a chamar Endlich & CIA. Anna faleceu em 13 de abril de 1918. Foi sepultada no antigo cemitério de Marechal Floriano. No início do ano de 2000 a igreja católica de Marechal retirou parte do seu túmulo, onde consta nome e datas de nascimento e morte, e colocaram no museu da igreja. Com a saída de Manoel Endlich para região do Batatal, onde abriu um comércio. Seu irmão Adão foi para Rio Fundo e José já tinha um comércio em santa Isabel. Ficando a responsabilidade para o filho mais novo Emílio Endlich, e seu socio Manoel Kill Filho Em 1927 a firma pede falência conforme jornal Diário da Manhã de 28/10/1927; Foto Emílio Endlich.
Abaixo Jornal Diário da Manhã de 18/12/1927, com a relação dos credores, e de 24/04/1928, onde os sócios propõem em pagar 30% da divida para continuar a empresa.
Abaixo da esquerda para direita; Jornal Diário da Manhã de 23/12/1927, com a relação dos bens que vão a leilão. Jornal Diário da Manhã de 22/07/1928, reabilitação da firma Endlich. Mas em 1929, conforme o Jornal Diário da Manhã de 19/02/1929, Manoel Kill deixa a empresa.
Jornal Diário da Manhã de 07/02/1928, onde Victor Travaglia e sua esposa Clara Endlich , propondo comprar imóveis da empresa falida. Clara e seu marido venderam um terreno que rodeava a capela católica e sua residência, comprada pelo José Henrique Pereira, que mais tarde construiu sua nova morada, hoje pertencente ao seu neto Oberdan José Pereira.
A partir de 1932 Victor Travaglia e sua esposa passam comandar a empresa já com o nome de Comércio Victor Travaglia .Um dos seus caixeiros foi Emilio Gustavo Hülle que começou a trabalhar ainda na firma Endlich, em 1928. mais tarde comprou o comércio do seu sogro, com atividade em comprar café. Parte de história foi narrada pelo próprio Emil Gustavo Hülle , e Maria de Lourdes Lübe, nora de Emil Endlich, casada com Alcides Endlich. Obs. Na cidade Marechal Floriano, tem uma rua com o nome de Manoel Kill. Foi uma homenagem que Emilio Gustavo , fez em agradecimento, pois foi Manoel, mais conhecido como Duduca que ensinou os primeiros passos no comércio. Emilio Gustavo Hülle, Manoel e sua esposa Maria Carolina Reis - 1926.
Continua [... ]
Nenhum comentário:
Postar um comentário