quinta-feira, 20 de maio de 2021

NEGRINHO DO PASTOREIO (CONTO)

Negrinho do Pastoreio é um personagem do folclore brasileiro muita conhecido na região sul do país.


VENTANIA 



Catarina vinha caminhando. Aquela manhã estava belíssima. Olhar os prados ainda com orvalhos, era uma linda poesia, pensava. A brisa fresca completava o cenário. De repente, o tempo mudou, uma ventania começou, Catarina caiu, e tudo escureceu.

            Catarina abre os olhos devagar, bem devagarinho, pois sente a presença de alguém e fica apreensiva. Algo cutuca a sua nuca, ela sente que é uma coisa molhada e fria. Dá um grito e de um salto está de pé. Quando olha para ver o que era, dá de cara com um cavalo baio e um pequeno menino montado nele. Catarina olha para ele e pergunta:

            — Que fazes aqui, e quem é você?

            — Moça, eu estava passando aqui com o meu cavalo e vi que estava caída, me aproximei para saber o que estava acontecendo.

            Ela está se limpando, visivelmente irritada. Responde:

            — Não me respondestes…

            — Calma, minha senhora, sempre cavalgo por aqui e pelas pradarias — o menino respondeu.

            — Tudo bem menino, já que não tem nome — Catarina fala, agora menos irritada e até dá um sorriso.

            — Bom, todos me chamam de negrinho, nunca tive outro nome — ele responde cabisbaixo.

            — Tudo bem negrinho, vejo que estar a pastorear?

            — Sim.

            — E cadê os outros cavalos?

            — Eles estão na estância. Agora somente o baio e eu cavalgamos por onde queremos. Até coloquei o nome dele de ventania.

            — Que bom ter a liberdade de sair por aí a cavalgar — Catarina falou.

            — Mas, nem sempre foi assim…

            — Como assim?

            — A senhora é daqui?

            — Bom, não exatamente, nasci aqui, mas fui embora com minha mãe e meu pai quando ainda era um bebê. Estou de volta pois meu vô faleceu — Catarina respirou fundo.

            — Sinto muito — o negrinho falou.

            — Tudo bem, inclusive ele tem uma estância aqui perto. Até pensei que o cavalo fosse de lá. Mas vejo que me enganei.

            — É, se enganou. Nós não temos paradeiro. Muitas vezes ajudamos quando somos solicitados. Mas depois vamos embora, com a virgem que não nos desampara.

            — Mas, você é apenas um menino, deve ter pai e mãe?

            — Sim, tive, mas não os conheci. Me criei sozinho, jogado daqui e dali, mas sempre amparado pela virgem Maria. Ela que sempre esteve ao meu lado me protegendo.

            — Você tem muita fé, e isso é tão difícil…

            — Quando tudo parece estar perdido é a fé que nos guia, quando sangramos e não sabemos a quem recorrer, pois a dor é horrível, a virgem vai estar lá, é só chamá-la, ela vai te socorrer, tenha fé, sempre…

            Catarina estava escutando, quando sentiu novamente aquela ventania, que logo passou. Quando abriu os olhos, o menino e seu cavalo baio já não estavam mais ali. Olhou para ver se os avistava longe e nem poeira avistou. Ela resolveu voltar para a estância.

            Chegando, resolveu ir na cozinha tomar um copo de água. Lá encontra Dona Francisca, cuja idade ninguém sabe ao certo. Uns dizem que já passou dos cem, mas é até difícil de acreditar, pelo vigor daquela senhora.

            Catarina, como estava intrigada com o ocorrido, precisando conversar com alguém, viu na Dona Francisca, a pessoa certa, pois já havia ouvido falar de sua sabedoria.

            — Oi Dona Francisca, tudo bem com a senhora?

            — Tudo bem minha filha, você é que está parecendo estar com alguma coisa te perturbando.

            — A senhora notou?

            — A idade, minha filha, nos faz ver coisas além do que parece ser, são muitos anos que estamos rondando nesta terra.

            — Bom, Dona Francisca, realmente estou precisando conversar…

            E assim Catarina contou tudo o que havia ocorrido nos prados, da ventania, do menino montado no baio, do que ele falou. Dona Francisca a escutava atentamente. Quando Catarina acabou de falar, respirou fundo e olhou para Dona Francisca à procura de respostas. A princípio Dona Francisca fez silêncio, depois calmamente começou a falar:

            — Você encontrou com o Negrinho do Pastoreio.

            — Quem? — perguntou Catarina.

            — O Negrinho do Pastoreio, e a história começou nesta estância. Aquele fazendeiro fez muita maldade com aquele negrinho, colocá-lo no formigueiro…

            — Como assim, Dona Francisca, que formigueiro? — Catarina perguntou já com os olhos marejados.

            Dona Francisca abraçou Catarina falando baixinho:

            — Calma minha criança, vou te contar a história, como tudo aconteceu, mas se sinta privilegiada por tê-lo conhecido, ela está por aí, com certeza sentiu que você precisava dele, de alguma forma.

            E assim Dona Francisca contou para Catarina a história do Negrinho do Pastoreio, que se tornou uma lenda.

            Depois que Catarina soube de tudo, e como herdeira daquela estância, trocou o nome, que era Estância Cavalos Baios, para Estância Negrinho do Pastoreio.

Por Giovana Schneider Marechal Floriano / ES                            

Fonte: https://degalpao.com.br/pesquisas/ventania/?fbclid=IwAR3vwAQRIp8vnch4M35UHdfytchnnu4-dXgoQhqOmO0tqeMMa4hA8xI-4BU


terça-feira, 4 de maio de 2021

LANÇAMENTO do livro "No Paralelo da Vida" ONLINE



Os tempos estão mudando, e temos que mudar com ele... Nos adequar, pois, agora praticamente tudo vai ser no virtual, mesmo com a pandemia indo embora, espero que vá logo. O que ela vai deixar é este novo jeito de nos comunicarmos. Bom, acredito que sempre, em um determinado tempo nesta vida, vai haver esta mudança, como aconteceu lá em 1918 com a gripe espanhola... O antes e o depois.
Bom, mas falando do livro "No Paralelo da Vida", o seu lançamento virtual, vai ser na página da Editora Pragmatha no Facebook, às 20:00h e 30 min no dia 06 de maio de 2021. 
No livro, eu abordo mistérios que envolvem a vida e a morte.
Pois, nada na nossa vida acontece por acaso...



Aguardo vocês, 
Giovana Cristina Schneider

Historias do Comércio - Indústria e Serviços de Marechal Floriano Part.: II / VI

  E milio Endlich  ainda continuou com um comércio de sal  num comércio que tinha no lado esquerdo das margens do Rio Braço do Sul, que mais...