quinta-feira, 21 de julho de 2022

Rio Braço Sul - Suas Enchentes e Histórias - Part. I / IV

             
                Rio Jucu

Conforme catálogos de documentos manuscritos avulsos da capitania do Espírito Santo 1585 – 1822, que encontram-se no Arquivo Público do Estado do Espirito Santo – APEES, o Rio Jucu já era mencionado como podemos ver abaixo, datado de 22 de abril de 1725.  “CARTA do Ouvidor do Rio de Janeiro, Antônio Moura de Abreu Santos, ao Rei [D. João V], a informar que os Padres da Companhia detém as passagens de dois rios navegáveis: Jucu e Maruípe; que não pagam os foros das várias moradas que há na marinha da dita Vila, e que com a venda pública do aguardente prejudicou os interesses da Fazenda Real”. Divide-se em dois Braços: Norte e Sul
O   Braço Sul nasce no interior do Parque Estadual da Pedra Azul (Domingos Martins), pela junção dos córregos dos Cavalos e São Floriano, a 1.700m de altitude, estando situado principalmente no município de Marechal Floriano. Tem aproximadamente 80 km em uma área de drenagem de 480 km2 . Deságua no Rio Jucu nas divisas dos  municípios de Domingos Martins e Viana. Seus  afluentes são os   rios Fundo, Peixe Verde  e Batatal. Era um rio desconhecido, mas a partir de 1858, com a expansão da Colônia de Santa Izabel, onde foram abertos lotes para atender uma demanda de imigrantes  europeus e brasileiros. Nas suas margens foram fundadas vilarejos, usina elétrica, ferrovia, estrada federal , fábricas, plantações de café. Suas águas serviram para mover moinhos para fabricação de farinha e derivados de milhos. Mas seu maior legada, são suas águas que abastecem uma grande população capixaba. Atualmente um rio bastante poluído, onde não entendemos como um recurso hídrico de tamanha importância para o Estado, chegue nestas condições. 
Relatório da Repartição Geral de Terras Públicas de 1859, sobre fatos que aconteceram em 1858. Ministro e Secretário de Negócios do Império Sergio Teixeira de Macedo . Rio de janeiro – 1859. Um dos primeiros documentos onde consta o nome do Rio Braço  Sul. Fonte: hemeroteca Digital – Arquivo Nacional RJ
Mapa copiado de dezembro de 1915 da ex. colônia de Izabel, onde podemos ver no traçado verde,  o Rio Braço  Sul. Amarelo Rio Fundo. Fonte APEES.

Expansão da Colônia de Santa Izabel

E
m 20 de setembro de 1858,  o Jornal, Correio Mercantil, do  Rio de Janeiro, publica uma nota onde consta a vinda do Jahn para a Colônia de Santa Izabel, para demarcar terras . Em 07 de agosto de 1858 desembarca em Vitória o Engenheiro civil Militar Adalbert  Jahn, contratado de Ministérios dos Negócios do Império, através do Ministro Sergio Teixeira de Macedo, para trabalhar na Colônia de Santa Isabel-ES. A partir de 1860 pertenceu ao Ministério da Agricultura. Na época na Colônia  passava por muitos  problemas tais como; conflitos de religião, falta de demarcação de terra, os luteranos não tinham igreja, brigas entre imigrantes, alcoolismo, doenças e falta de estradas. Foi residir na Vila de  Santa  Isabel.  A partir de 1860,  Jahn começava a expandir a Colônia para o sul, preparando lotes  nas margens direita e esquerda do Rio Braço  Sul. Um foto curioso. Na margem direita foram imigrantes  luteranos, como Littig, Klippel, Hoffmann, Knitell.  Na margem esquerda, Stein, Erlacher, Bourlot, Wernersbach. O engenheiro Pedro Claudio Soído, faleceu em combate na Guerra do Paraguai, em  18 de setembro de 1867, em Tiuiti.


Imagem da esquerda para direita. Relatório apresentado á Assembleia Legislativa Provincial do Espirito Santo de 1861  pelo Presidente da Provincia José Fernandes Costa Pereira, onde foram enviados colonos nacionais e estrangeiros para a região do Rio Braço  Sul Fonte : APEES; Relatório de 1861,  Governo Provincial do Espírito Santo Fonte: Hemeroteca Digital – Arquivo Nacional RJ

Expansão da Colônia de Santa Izabel
Em anexo relatório do Ministério da Agricultura, referente os acontecimento de 1861. No final relata a construção de um ponte. Este é o local onde foi construída a ponte citada no relatório do Ministério da Agricultura.  Cidade de Marechal Floriano – ES.
                                             Fonte> Hemeroteca Digital – RJ.
  Histórias do Rio Braço  Sul

Planta do terreno de Henrique Müller na região do Rio Braço  Sul datada de 15/07/1862 feita pelo engenheiro Adalberto Jahn na região de peixe Verde, hoje Bom Jesus. Fonte: APEES

Fundação da Vila do Braço  Sul
Conforme Aviso de 19/11/1862, era inaugurado o novo distrito da Colônia de Santa Isabel, Vila do Braço do Sul, hoje cidade  de Marechal  Floriano. Adalberto Jahn também foi responsável pela fundação de Campinho. Relatório de 1863,  referente o que aconteceu em 1862, do Ministro e Secretário de Estado, dos Negócios de Agricultura  Comércio e Obras a Publicas, Pedro de Alcântara  Bellegarde.

Primeiro Ponte Construída no Rio Braço  Sul

Na imagem da direita, Relatório de despesas da Colônia de Santa Isabel 1862. Despesas com a construção da ponte sobre o Rio Braço  Sul, na Vila que levava o mesmo nome do Rio. Fonte: APEES. Na imagem da esquerda, Relatório sobre a construção de rodovia entre Vitoria e Cachoeiro do Itapemirim, de 1930, do governo Aristeu  Borges de Aguiar. Na vila de Marechal foi construída uma ponte de 35 metros, que durou até 1962, quando foi realizado a dragagem do rio, onde a entrada foi modificada  e construída uma nova ponte provisória.Fonte: APEES. Abaixo automóvel pertencente  a Emílio Entringer, 1930, no comercio de Hercílio Pereira em Sapucaia. Na foto consta Hamilton Linz e  o proprietário do veículo. Este carro foi um dos  primeiro a atravessar o Rio Braço  Sul,  através da ponte nova inaugurada em 1930.

                                                                              

         Histórias do Rio Braço  Sul

João Kuster, filho do imigrante suíço, Johann Jacob Kuster ,  chegou na Vila do Braço do Sul, em  novembro de 1862. Seu avô Johann Kuster primeiro comprou os lotes 253 A e B. Sendo que um desses lotes era banhado pelo Rio Braço do Sul, hoje centro comercial de Marechal Floriano. Segundo João seu pai costumava pescar e caçar nas margens do rio, que na época além das curvas  e muitas árvores caídas, o local era todo alagado, onde propiciava a pesca e a caça. Na imagem a esquerda, Johann Jacob Kuster; Nas: 26/01/1856; Morte: 02/04/1942

Terrenos nas margens do Rio Braço  Sul

Terrenos eram comprados, onde o proprietário recebia um certificado em dois idiomas ( português de alemão). O comprador  só  recebia a escritura, após o pagamento. A esquerda  planta do lote de Adão Knittel que regularizou em 02/04/1885. A direita o documento original em dois idiomas . Este lote situada na região de Boa Esperança, nas margens do Rio Braço  Sul município de Marechal Floriano.
Fonte APEES.
 

Galdino José Marianno
Fonte APEES. A direita legitimação de posses por brasileiro que que pretendem terras no Espírito Santo. Podemos ver Guilherme Francisco Medeiros e adquirir terras na região do Braço  Sul Jornal Correia da manhã ES, de  31/07/1869. Fonte APEES         


Continua [ ... ]

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Rio Braço Sul suas enchentes e histórias part. IV / IV


Dragagem do Rio Braço do Sul na Vila de Marechal Floriano

Era o deseja da população de Marechal, principalmente aqueles residiam perto do rio. Em 1943 começou um processo, onde encontra-se o documento no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, conforme dados abaixo FUNDO: Departamento Nacional de Obras de Saneamento - BR RJANRIO 04 BR RJANRIO 04.0.MAP.1727 - desvio do Braço Sul do rio Jucu  Marechal Floriano - Espírito Santo. divisão de águas - D.N.P.M. - Ministério da agricultura - Dossiê mostra perfil longitudinal do trecho estudado, nas escalas 1:20.000 - 1:2.000. 1943. Em 1960 com a grande enchente  e a  continuação da construção da BR31, hoje 262, foram motivos  onde o  Departamento Nacional de Obras e Saneamento, (D.N.O.S), através do Engenheiro Roberto Vianna Rodrigues,  com uma  verba federal, foi oficializado a dragagem do rio na vila de Marechal Floriano. Abaixo na imagem Rio braço Sul quando era formado por grandes curvas.

A população tinha convicção que as curvas do rio e o estreitamento no Poço Fundo, eram as grandes causas das enchente. Assim no final de 1961 iniciou-se a dragagem pela empresa Socidraga Dragagem e Engenharia Ltda.  Draga operada pelo seu Elias e dois ajudantes, Salvador e Lourival Dalvi. Além dos rio, foi dragado partes dos córregos Batatal e Soído. A dragagem foi a maior transformação da vila. Foram criadas novas lagoas devidos as suas curvas. Partes de terras que foram retiradas para o novo percurso, onde utilizaram para aterrar antigos brejos. Depois de tudo isto, tudo virou aterro, onde  surgiram novas ruas e praça. Nestas ruas, nas margens do rio, foram construídas muitas casas. As enchentes diminuíram, mas não acabaram. Foto de 1962.  Ponte provisório. Elias e seus dois ajudantes – Salvador e Lourival. 

Foto  entre 1962 a 1964. A antiga BR 31, ainda em cascalho. Ao lado esquerdo casa que pertenceu a Celerino Espindula. Nos fundos ainda podemos  ver partes do antigo leite, que transformaram em lagoas. Mais tardes, foram aterradas. Hoje neste local, devera ser a saída da nova ponte que será construída. Foto: Acervo; Jair Littig

 A esquerda foto da Enchente  em 1978 na Rua Waldemar Mees. Rua construída depois da dragagem. Foto de João Retratista. A direita Marechal Floriano de 1972, sendo que as margens do rio com construções Acervo; Jair Littig


Enchente de 1972. Ponte de madeira provisória inaugurada em 1962. Foto João


Plano Diretor de Águas Pluviais e Fluviais do Município de Marechal Floriano – Volume I: Diagnóstico e Prognóstico de Inundações realizado pela Secretaria de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbanização em dezembro de 2013, na tabela acima podemos ver que em Marechal Floriano entre 1950 até 2011, teve chuvas. Marechal Floriano . Enchente de janeiro de 2009. Foto Roberly José Pereira


Conclusão do estudo elaborado pela Secretaria de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbanização em dezembro de 2013

Como resultado deste trabalho, conclui-se que: • O Rio Jucu Braço Sul, ao cortar a sede da cidade de Marechal Floriano, possui declividade de 0,0005 m/m em uma extensão de aproximadamente 2 km, dificultando o escoamento rápido de suas águas e intensificando sua cheia em eventos de forte precipitação; • Os problemas de macrodrenagem do município de Marechal Floriano podem se resumir em: a) combinação das cheias do Rio Jucu Braço Sul com os córregos Batatal e Rancho Alegre; b) a entrada da galeria do córrego Rancho Alegre foi construída com uma curva muito aguda, o que provoca uma perda de carga muito grande e consequente elevação dos níveis d’água; c) travessia de canalização de esgoto dentro do canal do córrego Batatal; d) acelerado processo de assoreamento do canal do Rio Jucu Braço Sul; e) presença de rochas no final do trecho urbano do Rio Jucu Braço Sul, representando um limitante quanto ao escoamento de águas em seu canal e; f) redução da seção hidráulica do Rio Jucu Braço Sul na OAE da Rua Emílio G. Hule pela presença de um pilar. • Observou-se, a partir da modelagem hidráulica, que 480 domicílios estão na área de risco classificada como muito alto (inundação com 5 anos de recorrência); • Observou-se, ainda, que 560 domicílios são inundados com vazões de 25 anos de recorrência (vazão de projeto); • A OAE da Rua Emílio G. Hulle e a passarela na Rua Matheil de Adélia  Stum, no Rio Jucu Braço Sul e a galeria que atravessa a linha férrea, no córrego Batatal, apresentaram ineficiência hidráulica para a vazão de projeto de 5 anos de recorrência. Já a ponte sobre a Rua Emílio Gustavo Huller, no córrego Batatal e a galeria do córrego Rancho Alegre, apresentaram ineficiência hidráulica para a vazão de projeto de 25 anos de recorrência; • Marechal Floriano tem apresentado crescimento populacional que tende a levar sua população dos atuais 14.262 habitantes (censo de 2010) para 19.176 habitantes em 2030 (25,62% de crescimento) e 24.090 habitantes Diagnóstico e Prognóstico de Inundações Conclusão Pág. 171 Marco Aurélio Costa Caiado Técnico Responsável Relatório ZAV-SED-DIA_MFL_01,001- R0 Revisão 00 Dezembro/2013 em 2050 (20,399% de crescimento). Este crescimento resultará em mudanças no uso do solo que se restringirá às zonas urbanas e, principalmente, periurbanas do município; • O crescimento urbano da sede municipal de Marechal Floriano tende a se concentrar nos bairros Centro, Vale das Palmas, Jarbinha, Santa Rita e nas proximidades da foz do córrego Rancho Alegre; • Para uma chuva intensa com período de recorrência de 25 anos, prevê-se que a vazão no trecho final do Rio Jucu Braço Sul passe de 99,70 m³/s para 101,50 m³/s (aumento de 0,2%) se ocorrer a tendência de expansão urbana prevista; • Previu-se que a expansão urbana projetada para Marechal Floriano não modificará as manchas de inundação de forma significativa, uma vez que o incremento das vazões em função da redução das taxas de infiltração foi insignificante para a montante da bacia hidrográfica; • Para a solução dos problemas de inundação do município de Marechal Floriano, a implantação de uma barragem de contenção no rio Fundo foi descartada e foram propostos dois cenários alternativos. • O Cenário 1 é caracterizado pela dragagem e derrocagem do Rio Jucu Braço Sul. Seu custo foi estimado em R$ 8.000.000,00; • O Cenário 2 é caracterizado pela dragagem, derrocagem e proteção das margens do Rio Jucu Braço Sul. Seu custo foi estimado em R$ 11.350.000,00; Na foto acima Marechal Floriano . Enchente de janeiro de 2010. Foto Roberly José Pereira. 

Foto de 1927 – Ponto sobre o Rio Braço  Sul, em Boa Esperança Entrada para residência de Niltario Klippel. Acervo; Jair Littig      
                                                Lazer

No verão  o divertimento era tomar banho de  rio. O local preferido era a antiga ponte.  De  pouca profundidade, onde as crianças com suas bois de câmaras de ar passavam as tardes. Aqueles mais audaciosos pulavam de cabeça de. cima da ponte. O mais  experientes frequentavam a curva do ipê. Lugar perigoso   com muita profundidade, onde se  pulavam  de uma barreiro. Árvore da figueira era outro local interessante , um dos seus galhos cresceu em direção ao centro do rio, fazendo um trampolim. Ainda tinha o Poço Fundo, um lugar majestoso, rodeado de mata, com uma queda de água maravilhosa. Ali aos domingos aconteciam os piqueniques Outro local muito utilizado era o córrego Batatal que ainda podia utilizar . Numa ponte de madeira, onde fazia uma curva, tinha uma pequena profundeza. Para aumentar o volume, fazíamos uma represa com troncos de bananeiras, onde  até podíamos pular de cabeça. Porém quando saímos , seu João Merisio demolia  tudo. Pescar era outro lazer, onde muitas pessoas praticavam em Marechal, velhos e novos tinham seus anzóis de ferro, linha de barbante, na época não tinha o nylon. Varas de bambu. As lagoas eram abundantes  de peixes entre eles piabas, jundiá, cascudos, traíras e acaras. Outra pescaria era de peneira nos córregos Batatal e Soído, para pescar um pequeno camarão ,para fazer farofa. Ainda tinha a pesca de lagostas nas cachoeiras, utilizando uma armação que era conhecido como puçá. Rio Braço  Sul , foto tirada de cima da ponte velha.Acervo: Oberdan José Pereira.
Em 1962   com a continuação da construção da rodovia  262, tudo mudou-se. Na ponte da BR, o local além de ser encachoeirado, fazia um grande remanso, uma espécie de praia de areia doce. Sem contar que  não havia poluição. Nesta época poucas famílias deslocavam para as praias. Já o Ponto Frio era bastante frequentado, tanto para tomar banho, com pescar piabas. Em 1963, seu Waldemiro Entringer inaugurou um pequeno restaurante, com sua esposa D. Elza Simões  Pádua. A partir desta data o local ficou conhecido como Ponto Frio Com a fama do restaurante, o Ponto Frio se tornou-se referência nacional.Cachoeiras do Ponto Frio – 1970 ; Acervo; Jair Littig. 

Meio Ambiente 

Marechal Floriano está localizada na região montanhosa do Espírito Santo, cercada pela Mata Atlântica, inclusive sendo uma das regiões do Espírito Santo que possui ainda uma das partes mais conservada desse Bioma, fato que contribui para o seu típico clima agradável durante a maior parte do ano. O relevo é montanhoso, acidentado, formado por terras denominadas "frias". A localização geográfica do município e suas características fazem dele um lugar especial para se apreciar a natureza e fazer passeios ecológicos.A Mata Atlântica abranger boa parte de sua extensão territorial, o município possui uma grande quantidade e variedade de orquídeas em sua flora, sendo a cidade de Marechal Floriano considerada a "Cidade das Orquídeas". Além da mata o município tem o Rio Braço  Sul  que é de  grande importância. Atualmente  sofre  por questões  climáticas. Mas  o homem é ainda o seu maior inimigo.

Mata Atlântica, no fundo o Rio Braço  Sul, Acervo Jair Littig  
Cachoeiras  do Rio Braço  Sul Acervo Jair Littig .



                                 Rio Braço  Sul
                                             
                                             O tal Rio...
Rio Jucu,
Braço Sul, ele já foi um profundo rio.
No verão, os moleques  nadavam, mergulhavam e,
Das pontes pulavam...
E muitos também pescavam.
Hoje em dia as águas não são mais profundas.
Nadar não se pode mas...
Pesar é se arriscar...
Suas águas estão contaminadas e,
O rio que um dia foi rio pode acabar...
Este dia não pensem que longe está.
Quando chega a época das cheias,
O rio pede ajuda...
Mostrando os lixos que nele foram jogados.
Limpo ele poderia ter sido...
Ele deu mostras disso.
Reviver ele quer...
E pede socorro.
Culpados tomos somos...
Ele depende de nós...
E nós dependemos dele,
Do tal rio...
Giovana Cristina Schneider.


"Viva com intensidade como as águas dos rios que seguem sem pedir licença, mas não ultrapasse os seus limites para não afogar o próximo."
Jader Amadi

Música; As Quatro estações – Antonio Vivaldi
Foto : Cicero Modolo

Fim...

Rio Braço Sul suas enchentes e histórias part. III / IV

 

Casa do início do século XX, que pertenceu a  Emilio  Ribet. Boa Esperança. Ao lado do Rio Braço  Sul – Boa Esperança Acervo; Jair Littig

Cachoeira de um córrego que deságua no Braço  Sul. Vitor Hugo – 1975. Acervo Jair Littig. 

Enchentes

No Livro de Memórias para servir a História , escritas em 1818, impressa  em 1840, em Lisboa. do autor Francisco Alberto Rubim, na pagina 25 faz referências  a enchentes do rio Jucu. Fonte : APEES. A região do Rio Braço do Sul sempre foi afetada por inundações, sendo a cidade de Marechal a mais prejudicada .  A família Kuster suíça que chegou na Vila do Braço Sul em novembro de 1862, onde partes dos seus lotes margeavam o rio, já relatavam sobre enchentes.  Um dos primeiros registros de morte por afogamento no Rio Braço do Sul. Rudolf Springer , alemão nascido em Chemnitz, filho de August  Friedrich e Augusta Rasler. Faleceu  ao atravessar a Ponte da Vila do Braço do Sul, no período da enchente.  Evidências do Jornal o Espírito Santense, de 18 de fevereiro de 1875. Hemeroteca Digital RJ. Direita recortes de jornais "Jornal Provincia do Espirito Santo 1º recorte 07/02/1885; 2º recorte12/02/1888, citando enchentes no Rio Braço  Sul.







No século XX, onde tivemos  mais registros. Os moradores mais antigos diziam que a maior foi a de 1930, onde a água chegou na plataforma  da estação. Meu tio Emílio Gustavo Hülle trabalhava como caixeiro  para o Comércio Endlich, onde presenciou este fato. Abaixo Jornal  Gazeta de  Notícias – RJ  de  15 de março de 1906, sobre enchentes em Marechal Floriano . Evidências  : Arquivo Nacional  – RJ   e o Jornal  - RJ 04/04/1937.

Enchente de 1937. A chuva foi torrencial que arrancou os trilhos da ferrovia, perto pontilhão, em direção a estação de Domingos Martins  Foto  do pontilhão situado a 2 km da estação de Marechal Floriano. Foto: casa da Cultura de Campinho - ES

Abaixo mais recortes de jornais relatando sobre as enchentes da esquerda para direita: Jornal  Correio  da Manhã  24/04/1926, Fonte: Hemeroteca Digital - RJ; Jornal  Correio  da Manhã  06/04/1926 - Fonte: Hemeroteca Digital - RJ; Imprensa 18/01/1912, Fonte Hemeroteca Digital - RJ
Quadro pintado nos anos 40 pelo Ricardo, baseado numa fotografia  de uma enchente de 1917. Na foto podemos vir duas vilas. A da esquerda onde tudo  começou em 1862, ampliada em 1890 com a chegada da família Endlich. As construções são dois comércios e casas, inclusive o sobrado. No lado direito tudo que foi construído pelo Bellarmino entre 1913 a 1917. Ainda podemos ver bem no canto a residência do Vitto Travaglia, que em 1927 vendeu para José Henrique Pereira.

Enchentes  - 1960

A de 1960 como diziam os antigos moradores, não foi a maior, porém a que  temos mais evidências, através  da lente do fotografo Emílio Ewald  de Campinho. Eu tinha 11 anos, embora nossa casa a água veio perto da cozinha, onde só tivemos prejuízos com nossos  pés de chuchu. Tudo começou numa quarta-feira de cinzas, dia  02 de março. Pela manhã  já tinha caído bastante  chuva. O trem misto das 10: horas.  Leopoldina ainda conseguiu ir até a Araguaia. Na quinta iniciou-se a  inundação. Foram três dias de muita água. Naquela ocasião poucos residiam perto do rio. Os que moravam tiveram que ir para a escola e a igreja católica. Depois da enchentes, surgiram problemas tais como;  a padaria ficou meses até consertar o seu forno, energia precária, o único ônibus só voltou depois de duas semanas, o trem quatro meses para voltar a funcionar. A prefeitura pouco ajudou. Falaram na época que haveria vacina, mas nunca chegou.  Em termos de jornalismo, Marechal  parecia que não tinha acontecido nada, as notícias eram de Vila Velha e Domingos Martins. O forte volume  de água que caiu  na região do rio Braço  Sul, foi o responsável pela grande inundação de Vila Velha, que foi manchete nacional e teve ajuda do governo federal. Na imagem abaixo, Rua Thieres Veloso. A residência de José Taquetti. No fundo a ponte de passagem de pedestre, onde vemos duas pessoas. Foto Emílio Ewald

 Historias
 Naquela ocasião haviam varias pessoas que residiam em Marechal, e foram para a capital afim de comprar e  resolver negócios. Quando souberam da enchente correram para estação de Argolas afim de pegar o trem   que partia ás 10;horas. Foram  informados que não haveria mais transporte. O que fizeram; saíram de Argolas a pé, com esperança de encontrar alguma carona. Andaram quase vinte horas, para chegar em Marechal. Entre estas pessoas, estava Paulina Koelher Stein, esposa do comerciante Celso Stein. Rua de Santana. A esquerda a casa de Alexandrina Entringer, marcenaria de Alceu Delpuppo, a direita construção da casa o Antonio Nalesso, parte de sua serraria e no fundo açougue municipal. A terceira pessoa  é o Monoca de Campinho. Foto Emílio Ewald.

Rua de Santana. Foto tirada de cima da antiga ponte . Curiosidade  a imagem parecida com uma cruz, é um parafuso de rosca que sustentava o parapeito. Esta ponte foi construída na década de trinta do século passado pelo empreiteiro paulista Anselmo Maculan. Na ocasião o comerciante  José Henrique Pereira deu toda madeira para construção. O filho do Anselmo, Anselmo Maculan Filho em  11 de março de 1939 casou na igreja católica de Marechal com a filha mais nova do comerciante, Idalina Pereira, mais conhecida com Zuzuca. Mudaram para Londrina, onde seu marido se tornou um dos grandes produtores de café do Paraná. Idalina faleceu em 09/12/ 2021, com 104 anos. Foto Emílio Ewald. Abaixo reportagem do Diário Carioca de 04/09/1960 sobre construção da ponte de Domingos Martins Estação, que destruída pela enchente de março de 1960.Fonte; Hemeroteca Digital – RJ. Direita Folha Capixaba de 12/03/1960
Rua do Sapo, hoje bairro Jarbinhas. A última casa a direita pertencia a Francisco Entringer. Este local hoje , conhecido como Ponto Frio . Foto Emílio Ewald.



Rua Emílio Oscar Hülle. A primeira  pessoa que esta com o guarda–chuva, é Augusto Hülle .O barracão foi construído pelo Antonio Lübe para fabricação de vinho em 1934.  Em 1960 pertencia e Eduardo Rupf.  Foto Emílio Ewald.



Rua de Santana. Casa a esquerda  de José Siqueira, da direita  onde iniciou o  Restaurante Braço do Sul. O barraco de palha era o matadouro. Este redemoinho que aparece na foto, era antiga ponte seca.
Foto Emílio Ewald.


Câmara dos Deputados  Federal, através do Sr. Oswaldo Zanello aprovou uma verba de oitenta milhões, destinados ao Departamento Nacional de Obras e Saneamento (D.N.O.S) para atender os municípios atingidos pelas enchentes – 05/04/1960. Fonte: Câmara Federal – RJ 

Nas fotos abaixo da esquerda para direita; Residência de  Adalberto Entringer, na BR 262. Foto Emílio Ewald. Foto tirada da BR 262. Foto Emílio Ewald 

Foto tirada do morro. Panorama geral de como ficou a vila de Marechal Floriano. 1960 Foto Emílio Ewald.


Farmácia do Ary Ribeiro. Na foto o Ford pertencia a Eduardo Rupf. Da esquerda para direita. Arlindo Vieira, Ormindo Endlich, Ary, Nena, ? , limpando o farol Agenor Botelho. Dentro do carro, em pé trabalhava no Estado, dirigindo José Piaba, Gustavo Hertel  e o último Carlos Rupf. Foto: Emílio Ewald


Na foto a direita, Residência do Augusto Hülle. No fundo a antiga igreja católica. Águas do Córrego Batatal. A esquerda  Rua ao lado da linha. Casas de Benicio Nascimento da Vitória, Adalberto Entringer e Benjamin Pagung. Águas do Córrego Batatal. Fotos Emílio Ewald.


Da esquerda para direita, Comércio do Amador Endlich. Ao lado  a bomba de gasolina  TEXACO. Residência de Manoel dos Santos – Padeiro.Foto: Emílio Ewald

Rua de Santana , perto das ponte seca, com a água cobrindo a passagem Em pé de camisa branca o vereador João Wernersbach, ao seu lado a esquerda Waldemar Hülle (Monoca). Foto Emílio Ewald.

Foto tirada da varanda  de Fausta Simões Pereira. No fundo, residência da família Rupf e Luís Bermond. Nesta antiga parreira de chuchu,  onde entre suas ramas podemos ver um criador de porco. Hoje,  rua Helena Santa Clara. Foto; Emílio Ewald 



Continua [... ]






Historias do Comércio - Indústria e Serviços de Marechal Floriano Part.: II / VI

  E milio Endlich  ainda continuou com um comércio de sal  num comércio que tinha no lado esquerdo das margens do Rio Braço do Sul, que mais...