quarta-feira, 22 de junho de 2022

Coronel José Henrique Pereira - Parte I

 


José Henrique Pereira


Família Pereira

Em 1812 o governo imperial mandou construir uma estrada que ligaria a capital da província do  Espírito Santo a Ouro Preto, capital de Minas Gerais, conhecida como estrada do Rubim.Mais tarde  passou a chamar Estrada São Pedro de Alcântara. A partir da inauguração da Colônia de Santa Isabel, em 1847, esta estrada tornou-se viável com grande fluxo de mercadorias trazidas de Minas. Além de mercadorias, vinham vender animais de montaria  e  gado. Como também teve início  de famílias vindo residir, principalmente  na região de Pedra Branca. Nos registros das igrejas católicas de Viana e Santa Isabel, podemos encontrar os nomes de pessoas que vieram de Minas, como: Manoel José Espindula, Francisco Antonio Pereira, José Lourenço Marques, Jacinto José Leite, Domingos Narcizo de Castro.  O jornal Correio da Victória de 26 de abril de 1871, constando um anuncio de venda de animais de Manoel de Jesus Espindula. Manoel era sogro de Francisco Antonio Pereira.


Seus avós 

Chegou no Espírito Santo por volta de 1856. 
Foram residir na Estrada de São Pedro de Alcântara, na Colônia de Santa Isabel – região de Pedra Branca. Vieram juntos com a família Espindula. Natural de  Minas Gerais. Francisco Antonio Pereira casado com Rita Maria de Jesus. Provavelmente veio vendar animais. Na época havia um grande comércio de vendas de animais, vindas  de Minas Gerais. O jornal Correio da Victória de 27/04/1859, já cita o nome de Francisco Antonio Pereira. Publicação do Jornal Espírito Santense de 12/01/1878 , onde a esposa do Francisco fala da morte do seu marido  a 17 anos. Isto significa que a família Pereira já residia em 1861 na Colônia de Santa Isabel.
Tia 
Abaixo  registro de batizado da filha de  Francisco Antonio Pereira realizado em 18 de maio de 1856 na igreja católica de Viana. Margarida nasceu em 22 de fevereiro de 1856. 

Seus pais 

José Francisco Pereira nasceu em 1844, em Abre Campo na época município de Ponte Nona,  Minas . Em 19 de junho de 1869, casou na igreja católica de Santa Leopoldina com  Maria Thereza de Jesus Espindula,nascida em 28 de junho de 1854,  em São Francisco da Gloria, Minas Gerais, filha de Manoel de Jesus Espindula  e Anna Joaquina Florença, falecida em 06 de setembro de 1932. José faleceu em  09 de janeiro de 1919. Ambos sepultados em  São Miguel, Domingos Martins. Na época residia em Pedra Branca. Foi político no antigo município de Santa Isabel, pertenceu ao 38 Batalhão de Infantaria, com o título de Capitão. Comerciante, cidadão  de grande influência na região de Melgaço. As eleições ocorriam  em sua residência.


A direita José Francisco, a esquerda Maria Thereza. Fotos do Acervo  Joel G. Velten.

José Henrique Pereira
Nascido em Pedra Branca Nasceu em 17 de abril de 1876, filho José Francisco Pereira e Maria Thereza de Jesus Espindula, Casou com sua prima Luiza filha do  Major José Francisco, porem o nome da noiva citado no jornal, na realidade é o nome da mãe da noiva.Jornal Estado do Espírito Santo de 30/09/1899. Começou sua vida como comerciante na região de Melgaço e tropas de burro. Sua filha mais velha relatava que seu pai fazia trajetos desde Afonso Claudio, Araguaia, Santa Tereza e Santa Leopoldina, transportando café. Em 1900 já pertencia ao 38 batalhão de Infantaria, com alferes. Mais tarde passaria para coronel. Em 1911 já tinha seu comércio em Melgaço, inclusive foi concedido a venda de remédios, conforme  jornal Diário da Manha de 12/1909
Em pé Luis Espindula, padrinho Maria Tereza (Maricota) e José Francisco Pereira. Batizado de José Henrique Pereira  que esta no colo da mãe – 21/08/1876. Foto Acervo Joel G. Velten

     

Na foto da direita, em pé da esquerda para direita: Galdina Espindula, Luis Espindula e Maria Tereza (Maricota). No centro Ana Joaquina Florença(mãe).Foto acervo Joel G. Velten.

Ao lado José Henrique e sua esposa Luiza. Abaixo registro de batizado de Luiza em 09 de abril de 1882, na igreja católica de Santa Isabel.


Ao lado José Henrique e sua esposa Luiza. Abaixo registro de batizado de Luiza em 09 de abril de 1882, na igreja católica de Santa Isabel.

C
asamento do pai da Luiza Pereira


Para casar na igreja católica  a esposa do Antonio José Pereira era   Wilhelmine Kumm que era  luterana, nascida na Pomerânia. Teve que batizar e mudar de nome. Guilhermina  Maria de Jesus. O batizado foi realizado em 08/01/1880, na igreja de Santa Isabel. No registro o vigário registrou que a mesma abjugou  das heresias de Luthero.  Fonte: Igreja católica de Santa Isabel. 

Foto de 1962; Da esquerda para direita: Idalina, Lucy, Ondina, Hercílio, Osvaldo e José Henrique. Sentados Luiza e seu esposo.

No final do ano de 1916  mudou-se para a Vila de Marechal Floriano, onde comprou a casa de negócios e varias moradias  de Belarmino Pinto Coelho. No quadro  abaixo, onde foi pintado uma enchente na Vila de Marechal Floriano em 1917. Do lado direito da pintura , onde constam casas , tudo foi comprado pelo José Henrique. Exceto a casa do agente e a estação ferroviária.















Casa onde residiu até 1927. Hoje pertence ao seu neto Lucio Pereira






Em 1922  seu comércio expandiu, tornando um dos maiores do município de Santa Isabel. Seu filho Hercílio relatou que toda semana chegava um vagão da Leopoldina com mercadorias. Vendia de tudo, calçado, roupas , secos  e molhados, brinquedos, bebidas e doces. Segundo Hercílio, seu pai foi também comprador de café.


Nestas fotos podemos ver a casa comercial de José Henrique Pereira, com nove portas. 

Abriu uma filial em Ponto do Alto, onde seu filho mais velho Hercílio foi administrar. Fotos do comércio em Ponto Alto.
Em novembro de 1927 faleceu em Marechal Floriano o guarda-livros da firma  José Henrique Pereira, Joaquim Thevenard; Diário da Manhã de 22/11/1927. A direita anuncio da casa em que Joaquim faleceu. Jornal O Cachoeirano de 08/06 1922.


A partir de 1920 a estação virou uma espécie de mercado, os compradores vinham de Vitória no trem da manhã e voltava a tarde. Comprava de tudo, farinha de mandioca, laranja, aipim, avos, galinha, sendo que o mais procurado era o carvão vegetal. Tudo era negociado na plataforma da estação.
Ondina Pereira que relatou esta história, dizia que era muito bom para a vila, já que toda semana entrava  dinheiro, e melhor ainda era para o seu pai que tinha o comércio ao lado, onde o povo ia comprar suas necessidades.

Revista Capichaba de 1925- Comércio de José Henrique  Pereira


Foto dos anos cinqüenta,  festa religiosa. O armazém ao lado pertencente a família Pereira , em março de 1955  caiu. Neste local foi construído o Bar América.


Foto de Marechal Floriano da década de 30. Antiga praça da Estação. Praça José Henrique Pereira. Original pertence a Oberdan José Pereira.



Festa em Marechal Floriano, onde a filha de José Henrique, Lucy Pereira foi porta bandeira. Jornal Diário da Manhã de 20/10/1927.

  


Festa em Marechal Floriano, onde a filha de José Henrique, Lucy Pereira foi porta bandeira. Jornal Diário da Manhã de 20/10/1927. 

Política:

Ocupou interinamente a prefeitura Municipal de Domingos Martins  conforme consta registrado no livro de decretos nº 2, em 14 de janeiro de 1929.


Resultado da eleição de 1928 – Relatório do governo Estadual




A esquerda foto do Jornal Diário da Manhã de 23/09/1911. Registro de títulos farmacêuticos para comerciar remédios. Fonte : hemeroteca Digital - RJ ; A direita Comércio do José Henrique Pereira em Melgaço. Foto. Joel Guilherme Velten.
  

Revista Vida Capixaba de 1929 – José Henrique presidente da câmara.



Jornal Diário da Manhã de 08/06/1930, sobre a inauguração de obras, onde José Henrique era presidenta da câmara  municipal de Domingos Martins.

Em 06 de janeiro de 1929 faleceu no Rio de Janeiro seu grande Pedro Schwarz . Foi o responsável pela abertura da estrada  entre Marechal e Sapucaia, em 1916.Detalhes da morte Diário da Manhã 16/01/1929.
Grande amigo de José Henrique Pereira.




A Crise de 1929

Dia 29 de outubro de 1929 ficou conhecido como Terça-feira negra, a bolsa de valores de Nova Iorque sofreu uma grande queda. Os jornais do Brasil não deram relevâncias sobre o caso. Diziam que era uma crise temporária, como citou o Jornal Paulistano. Neste ano o Brasil estava  em plena campanha para eleição de presidente da república, que só aconteceria no ano seguinte. Tínhamos dois candidatos fortes, Júlio Prestes e Getúlio Vargas. Prestes dizia que  essa crise era uma manobra para sua derrota. Getúlio dizia que se ganhar, tudo voltará ao normal. O presidente em exercício era Washington Rodrigues, onde pedia calma as pessoas, principalmente plantadores e comerciante de café, que o Banco do Brasil resolveria tudo. Continuaram a plantar café, os comerciantes comprando. O maior comprador do produto era os Estado Unidos, quando resolveram não mais comprar, já que estavam quebrados. José Henrique que era comprador de café, quando foi noticiado o problema lá nos Estados Unidos, parou de comprar. Segundo sua filha Nonoca, um amigo do pai, lá do Rio de Janeiro, orientou de não mais comprar. Na região de Marechal tinha o comerciante Manoel Endlich, mais conhecido como Manduquinha continuou a comprar. Quebrou. Naquele mesmo anos havia  inaugurado  a estrada da estação até o seu comércio na Estrada de Batatal. Estrada esta construída com seu dinheiro, mais inaugurada pela prefeitura de Domingos Martins. Em 1957 mudou-se para vila de Marechal, para sobreviver, trabalhava como ferreiro.  José Henrique também sofreu, já que tinha dinheiro de colonos que não conseguiram vender.  Seu filho mais novo Osvaldo ( Nino), deu continuidade, com  comércio até 1956. No início de 1955, parte do comércio  do José Henrique  caiu. Depois de uma longa chuva, não causando acidente. Havia no armazém uma grande quantidade de canos para atender nova rede de água da vila. Depois desta crise, Marechal passou por um  período, com pequenos comerciantes.  O comércio só veio melhorar a partir dos anos  sessenta, quando seu neto mais velho Paulinho Pereira, inaugurou a mercearia Yara, depois Jurema, mais tarde Supermercado.      
Jair 



Esta casa foi construída na década de trinta  para ser residência do contador da firma Pereira.







E
m 1927 comprou o terreno com uma casa de Vito Travaglia, onde viria à construir sua nova moradia. A casa atual restaurada pelo seu neto Oberdan José Pereira. 








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Historias do Comércio - Indústria e Serviços de Marechal Floriano Part.: II / VI

  E milio Endlich  ainda continuou com um comércio de sal  num comércio que tinha no lado esquerdo das margens do Rio Braço do Sul, que mais...