quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Clarice Lispector


 


"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."





1920

- Clarice Lispector nasce em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro, tendo recebido o nome de Haia Lispector, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Seu nascimento ocorre durante a viagem de emigração da família em direção à América.



1921
- Clarice Lispector chega ao Brasil com dois meses de idade, razão pela qual se considera muito mais brasileira do que russa,e vai residir em Maceió.




* Falar de Clarice Lispector além de ser uma alegria, é como se fosse sempre pela primeira vez. Porque é inesgotável, é incomensurável, de uma beleza tão infinita que até rosas se calariam para ouvir a estória de uma menina ucraniana que veio para o Brasil plantar suas flores em forma de contos e poesia. Mas essas flores não murcharam e nem morreram, porque são as flores de Clarice.




* O incêndio

Em 1966 Clarice dorme com um cigarro na boca e provoca incêndio cruel de onde sai bastante queimada, ficando entre a vida e a morte. Se recupera mas as cicratizes horrendas a deixam complexada e deprimida. Os amigos ajudam e Clarice volta a escrever como nunca. Jamais parou. Um fenômeno da Literatura.









Passou a infância em Recife e em 1937 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em direito. Estreou na literatura ainda muito jovem com o romance Perto do Coração Selvagem (1943), que teve calorosa acolhida da crítica e recebeu o Prêmio Graça Aranha.

Em 1944, recém-casada com um diplomata, viajou para Nápoles, onde serviu num hospital durante os últimos meses da Segunda Guerra. Depois de uma longa estada na Suíça e Estados Unidos, voltou a morar no Rio de Janeiro. Entre suas obras mais importantes estão as reuniões de contos A Legião Estrangeira (1964) e Laços de Família (1972) e os romances A Paixão Segundo G.H. (1964) e A Hora da Estrela (1977).

Clarice Lispector começou a colaborar na imprensa em 1942 e, ao longo de toda a vida, nunca se desvinculou totalmente do jornalismo. Trabalhou na Agência Nacional e nos jornais A Noite e Diário da Noite. Foi colunista do Correio da Manhã e realizou diversas entrevistas para a revista Manchete. A autora também foi cronista do Jornal do Brasil. Produzidos entre 1967 e 1973, esses textos estão reunidos no volume A Descoberta do Mundo.

Escreve a crítica francesa Hélène Cixous: "Se Kafka fosse mulher. Se Rilke fosse uma brasileira judia nascida na Ucrânia. Se Rimbaud tivesse sido mãe, se tivesse chegado aos cinqüenta. (...). É nessa ambiência que Clarice Lispector escreve. Lá onde respiram as obras mais exigentes, ela avança. Lá, mais à frente, onde o filósofo perde fôlego, ela continua, mais longe ainda, mais longe do que todo o saber".


A obra de Clarice Lispector expressa uma visão profundamente pessoal e existencialista do dilema humano, num estilo que se caracteriza pelo vocabulário simples e pela estrutura frasal elíptica. Sua ficção transcende o tempo e o espaço; os personagens, postos em situações limite, são com freqüência femininos e só secundariamente modernos ou mesmo brasileiros.
A melhor prosa da autora se mostra nos contos de A Legião Estrangeira (1964) e Laços de Família (1972). Em obras como A maçã no Escuro (1961), A Paixão Segundo G.H. (1964) e Água-viva (1973), os personagens, alienados e em busca de um sentido para a vida, adquirem gradualmente consciência de si mesmos e aceitam seu lugar num universo arbitrário e eterno. Escreveu ainda A Cidade Sitiada (1949), Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres (1969) e A Hora da Estrela (1977), que conta a história de Macabéa, moça do interior em busca de sobreviver na cidade grande. A versão cinematográfica desse romance, dirigida por Suzana Amaral em 1985, conquistou os maiores prêmios do festival de cinema de Brasília e deu à atriz Marcélia Cartaxo, que fez o papel principal, o troféu Urso de Prata em Berlim em 1986.

Faleceu em 9 de dezembro de 1977, de complicações internas (ovários) na véspera de fazer 
57 anos. Foi-se o anjo.

Essa incapacidade de atingir, de entender, é que faz com que eu, por instinto de… de quê? procure um modo de falar que me leve mais depressa ao entendimento. Esse modo, esse “estilo” (!), já foi chamado de várias coisas, mas não do que realmente e apenas é: uma procura humilde. Nunca tive um só problema de expressão, meu problema é muito mais grave: é o de concepção. Quando falo em “humildade” refiro-me à humildade no sentido cristão (como ideal a poder ser alcançado ou não); refiro-me à humildade que vem da plena consciência de se ser realmente incapaz. E refiro-me à humildade como técnica. Virgem Maria, até eu mesma me assustei com minha falta de pudor; mas é que não é. Humildade com técnica é o seguinte: só se aproximando com humildade da coisa é que ela não escapa totalmente. Descobri este tipo de humildade, o que não deixa de ser uma forma engraçada de orgulho. Orgulho não é pecado, pelo menos não grave: orgulho é coisa infantil em que se cai como se cai em gulodice. Só que orgulho tem a enorme desvantagem de ser um erro grave, com todo o atraso que erro dá à vida, faz perder muito tempo.


Entrevista concedida à um jornalista d’O Globo quando não mais falava com a Imprensa, 
foi por telefone:


J.C. — Por que você escreve?
C.L. — Vou lhe responder com outra pergunta: — Por que você bebe água?
J.C. — Por que bebo água? Porque tenho sede.
C.L. — Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva.

4 comentários:

Cida disse...

Gostei muito de ler sobre a grande Clarice.

Gosto imenso dos seus escritos, e já postei bastante coisa dela no blog.

Obrigada pela partilha, Giovana. Valeu!...:)

Beijinhos fra[ternos].

Te cuida, e fica com Deus,

Cid@

Unknown disse...

Olá, querida Giovana...

Amo ... ler coisas da Clarice, tenho varias em meu blog....

Beijo

Reflexões Franklin Rosa disse...

Intensa a biografia da Clarice, heim Giovana?!

Gostei muito! A resposta ao jornalista então, tacada de mestre!

Abçs e bom final de semana!

Giovana Schneider disse...

Fiquei muito feliz que vcs gostaram meus amigos da postagem,CLARICE realmente é ímpar.

ABRAÇO CARINHOSO E FRATERNAL ...

GIOVANA

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