quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Cemitério da Soledade (UM POUCO DA NOSSA VISITA EM BELÉM DO PARÁ )

Adquirimos um conhecimento valioso ao visitar o Cemitério de Nossa Senhora da Soledade. 

Parque Cemitério da Soledade é um parque urbano e mortuário brasileiro, inicialmente era uma necrópole pública fundada em 1850 pelo capitão Joaquim Vitorino de Sousa Cabral no bairro de Batista Campos devidos as epidemias do século XIX na cidade paraense de Belém (estado brasileiro do Pará). Tombado em 1964 como patrimônio arquitetônico do estado brasileiro do Pará. Em 2023 foi transformado em parque urbano e espaço museológico-cultural.
O número de enterros ultrapassa trinta mil sepultados, impulsionado pelas vítimas das epidemias de febre amarela (1850) e de cólera (1885). Fonte: Pesquisa Internet

Além da gastronomia e dos diferentes pontos turísticos que atraem visitantes de todos os cantos do planeta, que vou compartilhar ainda com vocês. Belém também guarda variadas lendas de aparições sobrenaturais.

O Cemitério da Soledade é o primeiro cemitério público de Belém, funcionando entre 1850 e 1880. Como parte de um projeto de restauro, o presente artigo objetiva investigar os padrões de uso do interior dos jazigos do cemitério a luz da arqueologia mortuária e bioarqueologia. Foram utilizadas metodologias de mapeamento, documentação fotográfica sistemática e descrição das estruturas, objetos e ossos humanos. Foram investigados 31 jazigos, representando locais de sepultamento de membros de famílias nobres de Belém. Os resultados mostram que os sepultamentos secundários, depositados em urnas de pedra, ferro e madeira, ocorreram entre 1870 e 1983. Os jazigos apresentaram deterioração de paredes, portas e teto, e violação sistemática das urnas. No interior dos jazigos foram encontrados materiais de ritualização popular e de descarte. Esses resultados indicam que o Cemitério foi ocupado e reocupado incessantemente desde sua criação, indicando uma combinação de abandono com reutilização do espaço para outros propósitos.
Fonte: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/habitus/article/view/13675

Vamos começar com a nossa visita no Cemitério da Soledade. Conhecemos um Guia muito amigável, o Paraense Jorge Gabriel, estudante de Turismo e também fazendo um estágio no Soledade. Pessoa extremamente gentil, educada e perspicaz, ele compartilhou conosco informações preciosas sobre aqueles que foram sepultados ali.





Aqui o Guia Jorge estava explicando a respeito dos artefatos que foram encontrados nas escavações e que estão em esposição: Cerâmicas, Frascos de Remédios, dentre outros pequenos objetos. Neste local também tem muitas fotos dos trabalhos realizados e de túmulos e suas histórias. Nilza estava atenta, eu preocupada em registrar tudo, ficamos ali por algum tempo.




  O registro ao lado é dos trabalhos na restauração.
Abaixo são os alguns dos artefatos encontrados e que estão em exposição.



Perguntamos a respeito dos famílias dessas pessoas que estão ali enterradas, o Jorge nos respondeu que a maioria já não mantinham mais relação com o jazigo familiar, com exceção  de um caso que ocorreu em 1983. 






 






TÚMULOS DE DEVOÇÃO POPULAR 

Identificar os túmulos dos chamados "Santos Populares" é uma tarefa simples, pois próximos às suas sepulturas é comum encontrar velas, flores, fitas e placas de mármore com mensagens de agradecimento por bênçãos recebidas. Além disso, é possível encontrar brinquedos, doces e alimentos deixados por devotos em sinal de gratidão pelo atendimento de seus pedidos.   

Escrava Anastácia - Graça alcançada para casos de pedido especifico.
Uma outra mulher escravizada que está enterrada nesse local e que atualmente é considerada uma santa popular é conhecida como Escrava Anastácia ou Romana. No livro ‘Procissão dos Séculos: vultos e episódios da história do Pará’, publicado em 1952, o historiador Ernesto Cruz menciona que essa mulher, reconhecida como Romana, foi o primeiro sepultamento oficialmente registrado no cemitério.
Encontrei no site "Diário do Pará"

Menino Cicero - Graça alcançada em casos de doenças infantis e problemas escolares, sendo oferecidos em sinal de gratidão, vestimentas e alimentos. 
Em outro trecho do cemitério, uma criança recebe homenagens, o santo popular conhecido como Menino Cícero. O túmulo recebe brinquedos em homenagem à alma da criança enterrada no local, como um caminhão de plástico e bolas de gude. Na lápide, uma grande quantidade de terços e fitas amarradas. Na placa está escrito "ao inocente Cicero", o guia Jorge nos explicou que quando assim está escrito sgnifica que a criança morreu antes dos sete anos. Cicero é muito assossiado aos Erês, na Umbanda, os Erês são espiritos de crianças que evoluiram, mas não chegaram a encarnar. Eles são considerados divindades infantis que se aproximam dos Orixás e transmitem suas sabedorias.



Advogado Joaquim D'Almeida - Graça abençoada em casos de problemas judiciais, sendo oferecidas placas em mármore, em sinal de gratidão.
Considerado um homem que, durante sua vida, teria prestado auxílio aos mais necessitados, as diversas placas de mármore deixadas em sua homenagem expressam gratidão por bênçãos relacionadas a questões jurídicas ou financeiras.

Preta Domingas - Graça alcançada para casos de pedidos especificos. 
No corredor principal, uma outra sepultura se destaca pela intensa visitação, pertencente a uma mulher conhecida apenas como Preta Domingas, que faleceu em 25 de março de 1871. Essa mulher, que viveu na condição de escravizada, recebeu uma homenagem ao ser enterrada em uma área privilegiada do cemitério, próxima à Capela dedicada a Nossa Senhora da Soledade. No sepulcro dela, não há registro da data de nascimento, apenas da morte. O guia Jorge mencionou que ela era parteira, o que pode ser uma das razões para seu sepultamento em uma área de destaque.


O menino Zezinho, que morreu em 1881 devido a maus-tratos, é lembrado na cidade como o menino nu sentado segurando um pergaminho com seu nome e data de falecimento. Seu túmulo é bem frequentado no Cemitério de Nossa Senhora da Soledade. Na última vez que estivemos lá, presenciamos um homem acendendo uma vela em sua homenagem.
"Apesar da referência atribuída pela forte devoção popular, a partir de sua lápide a única informação que se tem é a de que ali foi enterrada uma criança chamada José, que faleceu a 13 de fevereiro de 1881, ainda no século XIX".


 

Na tumba de uma mulher chamada Marianna Izabel Leite da Silva, que foi sepultada em 1880 e cuja lápide exibe a frase “amor conjugal”, a devoção do povo está intimamente ligada a temas amorosos.



Árvore da espécie Mangifera Indica, Mangueira, é conhecida também como árvore da felicidade - 
É local de devoção das religiões afro-brasileiras.












Adquiri muitos conhecimentos, e confesso que sempre tive o desejo de participar de uma visita guiada em um cemitério. As narrativas não se encerram aqui; elas prosseguem em cada sepultura do Cemitério da Soledade, proporcionando uma verdadeira viagem no tempo. Esse é um trabalho incrível que estão realizando, garantindo que a história não seja esquecida ou enterrada junto com os que partiram.
Neste cemitério contém os restos mortais de importantes figuras da história do Estado, incluindo o capitão Manoel Barata, que foi político, advogado e historiador paraense; a “princesa” Cecília Augusta de Assis Chermont, filha do político Justo Leite Chermont (a jovem morava em Paris e Justo mandou construir, no Soledade, um mausoléu de uma princesa para receber o corpo da filha); o cônego Manuel José de Siqueira Mendes, sacerdote católico e político nascido em Cametá, que dá nome à primeira rua de Belém; o General Gurjão, militar brasileiro que participou da Guerra do Paraguai e é considerado patrono do Exército na Amazônia; e Antônio Gonçalves Nunes, barão de Igarapé-Miri, entre outras personalidades.
Durante nossa visita ao Cemitério da Soledade, encontramos pessoas tirando fotos, incluindo uma que estava vestida de bailarina e posou junto ao mausoléu da "princesa" Cecília Augusta. Às segundas-feiras, realiza-se um culto em homenagem às almas. O cemitério abriga exemplares das arquiteturas barroca, neogótica e neoclássica que é a mais evidente. Realmente impressiona pela sua beleza. Também notei que há muitos gatos vivendo por lá, e são muitos mesmo. Em um mausoléu simples, mas pertencente a uma família abastada, está escrito: "NÃO A VAIDADE MAS A SAUDADE". 
Tem também as Três Virtudes que nos falou o guia Jorge: "Uma mulher que segura uma Cruz simboliza a Fé; outra, um Anjo segurando uma Âncora representa a Esperança; e uma mulher com uma Criança nos braços personifica a Caridade".

O que nos chamou também a atenção foi o túmulo da criança, Luiza Calandrini Sarah Bond Dewei, filha de cientistas que morreu com quase dois anos de idade, seu túmulo tem o símbolo da rosa com o galho quebrado, e também Folhas de Acanto, que segundo o guia Jorge, tem relação com a morte infantil e é rodeado com textos dedicados a ela:
VÔA, VÔA, Ó MEIGO ANJINHO, 
DEIXA A TERRA , E BUSCA OS CEOS;
HE CURTO, HE BREVE O CAMINHO,
VÔA, QUE O BERÇO HE O NINHO
DAS MESINHAS DE DEOS.  (SIC)

Dentre outros simbolos que tem no Soledade são: 
- Folhas de Acanto Simboliza as provações vencidas 
- Vaso com Chamas Simboliza o Fogo Eterno
- Ampulheta Alada Passagem do Tempo, Inexorável e Veloz
- Cobra que Morde o Próprio Rabo: Simbólo da Eternidade



Aqui estão algumas fotos da nossa visita ao Cemitério da Soledade:















 



O Cemitério da Soledade é como um verdadeiro Museu a Céu aberto. Através do acompanhamento do Guia Jorge Gabriel, pudemos ouvir inúmeras histórias e aprender detalhes incríveis. Mesmo sendo um estagiário, ele demonstrou ser um profissional excepcional, mostrando grande conhecimento e cuidado em suas explicações. Se você for em Belém do Pará, não deixe de fazer uma visita no Soledade, ali com certeza, vai ficar sabendo de ricas curiosidades. Os cemitérios são locais que guardam histórias e tem uma grande importância cultural.

E TEM MAIS...
Há também uma outra Lenda Urbana em Belém, relacionada a JOSEPHINA CONTE. Ela repousa no Cemitério de Santa Izabel, também em Belém, e é conhecida como a "MOÇA DO TÁXI". A história narra que em seu aniversário, uma jovem decide sair pelas ruas de Belém e chama um táxi. Durante o percurso, solicita ao motorista um passeio pela cidade e, depois, pede que ele cobre a corrida do seu pai. No entanto, ele se assusta ao descobrir que a moça já faleceu...
Giovana Schneider  




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