Histórias de Políticos
Em 1948, teve uma partida de futebol entre o Marechal Floriano Futebol Clube e Sport Clube Campinho. Jogo realizado em Marechal. Neste dia o jogo não terminou, foi uma pancadaria total. A briga era mais politica do que futebolística. O açougueiro João Barreto, cabo eleitoral, tinha desavenças com o Dr. Arthur Gerhardt. Aproveitou o ensejo, foi o que mais bateu. Esta briga não foi nada bom para Marechal. Em 1951, Dr. Arthur ganha a eleição para prefeito, onde nada fez pela vila. José Henrique Pereira era dono do terreno do campo. Amigo íntimo do médico. No dia seguinte da briga, arreou seu cavalo, e foi para Campinho pedir desculpas ao velho amigo. Na volta mandou fechar o campo. Somente em 1956 , que o local voltou ser campo de futebol.
O grande goleiro do antigo Marechal Floriano. Nasceu em 13 de maio de 1922, em Costa Pereira, filho de João Pereira dos Passos e Floripes Nascimento. Esteve naquele famoso jogo em 1948, contra o Campinho. Relata que a briga começou ente Ricardo Koehler em um jogador amigo do João Barreto, que residia na praia do Suá, em Vitória. Entrevista em Marechal Floriano. 20/07/2015.
Eleição de 1955

Foi eleito Paulo Lorenzoni para prefeito. Não tivemos vereadores eleito. Mas foi no seu mandato que a vila de Marechal Floriano teve grandes obras. Uma delas era o sistema de abastecimento de água. Tínhamos somente uma caixa de pequeno porte, situada num terreno da família Pereira, na atual rua Emílio Endlich. Eram poucas residências que tinham água encanada. Usava-se muito água do rio Braço do Sul e o córrego Batatal. Para beber, a vila tinha inúmeras nascentes, inclusive dentro da vila. O encanamento além de velho, era de pequena polegada. Uma parte do encanamento ficava ao lado do rio. Quando tínhamos enchente, era uma falta d'água tremenda. Na ocasião o bombeiro da prefeitura era José Henrique Pereira ( José Piaba). Vivia dentro do rio consertando cano. Foram colocados canos de maior polegada nas principais ruas. Foi construída uma nova caixa d'água, numa nascente pertencente ao Sr. Waldemar Mees. No final do seu mandato construiu um local para venda de carnes abatidas, situado ao lado da Serraria Santana. Este açougue funcionou até os anos setenta. Na inauguração deste açougue, a prefeitura proporcionou uma grande festa com churrasco e bebidas. O primeiro açougueiro deste local foi Ormindo Endlich. TER – ES – Jair Littig.
Eleição de 1958
O prefeito na época era o Paulo Lorenzoni. Em três de outubro houve eleição, sendo eleito Francisco Santos Silva (Chiquinho). Marechal elegeu seu vereador. José Moreira Bourguignon. Além do Moreira ainda tínhamos Alcino De nadai, o Tato que teve poucos votos. Seu partido era União Democrática Nacional (UDN). Moreira era fiscal de renda. Trabalhou muito pela vila. Construiu uma ponte de cimento no início da rua da igreja. Foi no seu mandato que houve a implantação de energia e água encanada para a antiga rua do cemitério. Melhorou a iluminação pública. Além de ter boa atuação, Moreira era um homem bastante corajoso. Nos momentos mais difíceis de segurança na vila, sempre esteve ao lado da justiça. Em 1960 foi o primeiro a construir casa na Vila da orquídeas. Natural de Guarapari, casado com Apolônia Santa Clara. Acervo Jair Littig.
Cabo Eleitoral
Celso Stein, em 1950 com ajuda do patrão alugou na Vila um pequeno comércio que pertencia a João Kuster. Ao chegar em Marechal percebeu que todos os comerciantes eram antigetulista, inclusive ele. Mas quem tinha condições de comprar eram os ferroviários e empregados do estado e federal, e esses eram getulistas. Celso era UDN, já que seu antigo patrão pertencia a União Democrática Nacional. Foi para o PTB , partido do Getúlio. Seu comércio prosperou contendo uma grande variação de mercadorias. Na época usava-se muito faixas pintas. Foto de 1958 do seu comércio, ao lado de uma caminhonete do Helmuthe Kuster e seus dois filhos gêmeos Paulo e Mauro. Na frente do comércio acima das portas tem uma propaganda política da eleição de 1958, do Carlos Lindenberg, que venceu a eleição para governador, partido do PSD. Acervo Jair Littig. Na imagem abaixo Título de Eleitor que pertenceu a Guilherme Eduardo Littig, mais conhecido como Willy. Acervo Jair Littig.


Voto Feminino

As mulheres brasileiras conquistaram o direito de votar em 24 de fevereiro de 1932, por meio do Decreto 21.076, do então presidente Getúlio Vargas. Não podiam ser analfabetas. Somente dois anos depois, em 1934, quando da inauguração de um novo Estado Democrático de Direito, por meio da segunda Constituição da República, esses direitos políticos conferidos às mulheres foram assentados em bases constitucionais. No entanto, a nova Constituição restringiu a votação feminina às mulheres que exerciam função pública remunerada. O voto secreto garantia o livre exercício desse direito pelas mulheres: elas não precisariam prestar contas sobre seu voto aos maridos e pais. No entanto, somente as mulheres que trabalhavam (aquelas que recebiam alguma remuneração) eram obrigadas a votar. Isso só mudou em 1965, com a edição do Código Eleitoral que vigora até os dias de hoje. Em Marechal Floriano podemos destacar Fernandina Gianordoli, nascida em Vitória no dia 18 de outubro de 1917, filho de Ferdinando Gianordoli e Thereza Jantorno. A família Gianordoli chegou no Espírito Santo em 01/02/1879, natural da região do Trento, na época pertencia a Áustria. Criada pela sua tia Vitoria Jantorno, em 1937 formou-se como normalista na escola Pedro II. Seus primeiros empregos com professora foi em São Gabriel da Palha de São José dos Calçados. Em 1940 veio para o município de Domingos Martins, em Bom Jesus. Casou com o mecânico hidráulico Elisiário Ferreira, natural de Cachoeiro do Itapemirim, filho de Augusto e Emília Ferreira. Elisiário faleceu em Costa Pereira em no dia 16 de janeiro de 1948. Em 06 de fevereiro de 1951, casou no oratório particular de Gustavo Wernersbach, com Wilson Stein nascido 09 de janeiro de 1932, filho de Antenor e Adelina Maria Salles. Fernandina veio para a vila de Marechal em 1954, como professora. Segundo informações do seu irmão Orlando, Fernandina participou de manifestos políticos em Vitória. Era uma getulista de coração. Foi uma das primeiras eleitoras da vila de Marechal Floriano. Junto com Emílio Gustavo Hülle, fazia campanha politica. Participou da Primeira Diretoria da Associação Pro- Desenvolvimento Urbano e Rural do Distrito de Marechal Floriano - 1964 como secretaria. Faleceu em 29/08/1997. APEES – Jair Littig.
No período de eleição, na vila de Marechal Floriano apareciam políticos de todos os lados. Um deles
José parente Frota, um cearense que começou sua vida como chefe de polícia, chegando a deputado federal pelo Espírito Santo. A partir dos anos sessenta começou a visitar a vila. Seu cabo eleitoral era Emílio Gustavo Hülle. Angariou algumas verbas para a vila. Em suas passagens políticas, vinha a Marechal sempre com presente, sendo o América Futebol Clube, o mais privilegiado. Era uma bola, um jogo de meio e camisas. Porém havia um detalhe, a cor não combinava com o time. Sempre era verde. Naquela ocasião tudo era muito difícil para os times de futebol, o verde era bem aceito pelos alvirrubros. Acervo Jair Littig. Na foto abaixo Aspirante do América dos anos sessenta, um time imbatível. Da esquerda para direita em pé; Hermilo , Deir, Marreco, Ramiro, Tega e Edvaldo. Agachados Aloísio, José Luis, Pedrinho, José Mococa e José Piaba. A camisa era verde e branca doada pelo Frota. Foto acervo Jair Littig.

Foto de uma procissão religiosa em Marechal Floriano (1952). No fundo, um antigo barracão pertencente a família Pereira, onde podemos ver propaganda política na parede. UDN ( União Democrática Nacional). Era do Paulo Lorenzoni, amigo e compadre do Coronel José Henrique Pereira. Foto acervo Igreja católica ade Marechal Floriano.

Em 1959
Evhy Mendes, um senhor aposentado vem residir na Vila de Marechal Floriano. Era casado com Adélia Vello, irmã da esposa do Policarpo Puppin. Comprou a casa do Antenor Braga. Evhy foi comerciante e juiz de paz por muitos anos em Mascarenhas, norte do Espirito Santo. Evhy certo dia em reunião com seus familiares onde estavam Edgard de Carvalho Neves, professor aposentado da Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, que era cunhado da esposa, com seu genro Alfredo Costalonga, advogado do INNS e o Coronel Ernesto Vieira da Silva, cunhado do Alfredo. Ernesto era aposentado pela policia militar do Espírito Santo. Pessoa de grande influência de vários governadores. O assunto era “melhorar o distrito de Marechal Floriano”. Evahy resolveu fazer uma reunião na sua residência para discutir uma Associação em prol de Marechal Floriano. Convocou pessoas residentes na vila. Em 24 de fevereiro de 1964. foi criada a Associação Pro- Desenvolvimento Urbano e Rural do Distrito de Marechal Floriano, sendo seu primeiro presidente Emílio Gustavo Hülle. Acervo Jair Littig. ( Observação.: Evahy Mendes
Nasc.: 25/12/1889 Falec.: 21/11/1967).
Eleição de 1960 para Presidente da República

Eu tinha 12 anos, acompanhei meu pai que era uma Janista doente. Foram colocados grandes faixas na entra de Marechal. Jânio Quadro pelo partido União Democrática Nacional, sendo um símbolo a vassoura, prometendo varrer a corrupção no Brasil. Marechal Lott do Partido Social Democrático, sendo o símbolo uma espada. Representava a lei. Ainda tinha o Ademar Barros. Além do meu pai, Antonio Nalesso, Hamilton Linz, Augusto Hülle, todos com Jânio. A eleição aconteceu em outubro. Em 10 de outubro, Domingos Martins já tinha o resultado final, Jânio ganhou. Nesta eleição o voto do vice era separado, quem ganhou foi Milton Campos, mas João Goulart foi eleito o vice –presidente. Um fato curioso que aconteceu na vila. O 12 de outubro sempre era comemorado com um grande foguetório, dia de Nossa Senhora Aparecida. Neste dia alguns luteranos janistas também resolveram soltar foguetes. Perguntaram a eles “ Vocês converteram para o catolicismo?, mas o tiroteio não é para o Jânio?”. Jânio foi um sonho que durou dois anos. Meu pai sentada na mesa do almoço, disse para minha mãe ( não vou mais envolver com política, resposta da mãe, que Deus diga amém). TER-ES Jair Littig.
A Volta de João Goulart

Em 07 de setembro de 1961, com a renuncia do Jânio, e de muitas discussões, João Goulart era vice presidente, assumiu a presidência do Brasil. Em Marechal Floriano os ferroviários fizeram festa. Era a volta do afilhado do Getúlio Vargas ao poder. Depois de uma amarga derrota do Partido Social Democrático (PSD), era o momento de comemorar. Tudo aconteceu no novo comércio do Celso Stein. Lá estavam o chefe de turma Benicio Nascimento da Vitória, acompanhado dos mantenedores de linha Pedro Antonio, Antonio José, José Vieira, Manoel falcão, Alexandre Pereira, mais o guarda-chaves Olímpio Penha. Celso bem animado, no seu comércio ainda tinha uma grande foto de Marechal Lott, que concorreu a eleição com Jânio. Era uma euforia com a volta do Goulart, pois todos ainda tinham na memória o Getúlio, conhecido como “pai dos pobres”. A festa foi regada com uma famosa batida de cachaça com gengibre, que somente Celso sabia fazer, acompanhado de um tira gosto de carne seca. A esquerda foto de 1974, a rua Presidente Kennedy, onde podemos ver o comércio de Celso Stein. Foto: Acervo Jair Littig.
Eleição de 1962
Nesta eleição um jovem farmacêutico tem uma expressiva votação na vila de Marechal Floriano. Ary Ribeiro da Silva candidato pela União Democrática Nacional. Ao lado do prefeito Paulo Lorenzoni, que ganhou por um voto, mas contestado pelos perdedores, Joaquim Tesch e seu vice Waldemiro Hülle. Na recontagem Paulo teve u aumento de 11 votos. Ary trabalhou muito pela vila, colocou nomes nas ruas, melhorou o sistema de agua e luz. Em 1964 esteve presente na fundação da Associação Pro – Desenvolvimento Urbano e Rural do Distrito de Marechal Floriano, que foi primeiro passo para criação do município. Naquela ocasião vereador não era remunerado. Ary com sua lambreta, deslocava para Campinho, quando havia assembleia municipal. Abaixo imagens de recortes dos jornais Diário Carioca de 15/02/1964 e O Jornal – RJ 01/01/1963 sobre a eleição de 1962.


Plebiscito de 1963
Aconteceu em 06 de janeiro. O plebiscito era votar a permanência do presidencialismo ou parlamentarismo. Quem votasse no não, estaria garantido o presidencialismo. Muitos eleitores não tinham conhecimentos sobre esta votação. Na realidade o sim era enfraquecer o atual presidente, João Goulart. Lembro-me bem a jovem Terezinha Mendes, filha do seu Generoso, mesmo sendo de menor, foi indicada para ser mesária. No final, o não ganhou. No município de Domingos Martins conforme registros do TER/ES, a votação foi expressiva para o não. Com o resultado garantido ao atual presidente da república, os ferroviários de Marechal comemoram com fogos de artifícios, pois Goulart era afilhado do Getúlio Vargas. TER – ES- Jair Littig.
31 de Março de 1964

Naquela ocasião eu estudava a terceira série ginasial em Campinho. Tinha dezesseis anos. No dia seguinte antes de começar as aulas, o diretor fez uma palestra sobre os acontecimentos no Brasil. Orientou os alunos que não podiam mais fazer reuniões em locais abertos. No colégio haviam vários alunos simpatizantes pelos livros de Karl Marx, outros por Che Guevara. A estes foram orientados a ter cuidados em suas palavras. Em Marechal os ferroviários não ficaram contentes com a derrubado do João Goulart. Quando Castelo Branco faleceu em 18 de julho de 1967, o agente de estação soltou foguetes. Em 1965, surgiu uma nova matéria Educação Moral e Cívica. Um livro com muitas páginas, voltada para defesa do princípio democrático, através da preservação do espírito religioso, da dignidade da pessoa humana e do amor à liberdade com responsabilidade. Na realidade era forma direta contra o comunismo. Falando em comunismo, em 1966 apareceu em Marechal Floriano um jovem, com idioma espanhol. Descobriram que era cubano. Foi um alvoroço. Queriam linchar o homem. Precisou D. Fausta Simões, sair de sua residência, para acalmar as pessoas envolvidas. Veio a polícia e solucionou a caso. Era uma jovem marinheiro mercante de nacionalidade cubana, que desertou do navio, no porto de Vitória. Jair Littig. Na imagem a esquerda Para a eleição de 1965, haviam dois candidatos de peso,
Juscelino e
Lacerda. Em Marechal o mais cotado era o Lacerda. Documento - SIAN – 1964.
Funcionários antigos da prefeitura
José Henrique Pereira foi funcionária nos anos cinquenta, como bombeiro encanador. Já nos anos sessenta Ary Ribeiro quando foi vereador, empregou Waldemar Mees que além de encanador, era ferreiro e mecânico. No período de Joaquim Tesch, João Nalesso era varredor de rua.
José Henrique Pereira (José Piaba)
Nasceu em 21 de Agosto de 1922.Em 13 de dezembro de 1947, casou na capela católica de Marechal Floriano, com Clara Luiza Hülle, nascida em 28 de março de 1923, filha de Emil Oscar e Catharina Schneider. José faleceu em 06 de outubro de 2007, sua esposa em 07 de junho de 1987.
Nasceu 15/12/1908, em Batatal , filho de imigrante italiano . Cortava cabelo numa casa que pertenceu ao José Taquetti. Além de barbeiro, foi funcionário da prefeitura. Faleceu em 23/01/1985.
Waldemar Mees
Filho de George Klippel Joanna Karolina Littig nasceu em 18 de agosto de 1928.Faleceu em 23 de abril de 1975. Em 06 de setembro de 1963, casou com Domicilia Izabel Seith, de 19 anos, filha de José Verônica Schunck.
Continua [ ... ]
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