quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Vila Braço do Sul 1862 - 1900 Part. II / IV

 Mapa da Vila do Braço do Sul em 1862, conforme relato de João Kuster, filho do imigrante suíço Jacob Kuster, que chegou em 1862. Segundo João seu pai relatou “  chegamos  na vila, onde tivemos que atravessar  uma ponte  com nossas mudanças.  Haviam  pequenos barracões, com as paredes e  coberturas de palhas . Ficamos muitos dias neste local, esperando a construção da nossa casa”.

                   Vila do Braço do Sul

Até 1900 era uma pequena vila com 06 casas, pertencente a família Endlich, situadas nas margens direita e esquerda do Rio Braço do Sul Registros fotográficos só temos de uma foto de 1917, sobre uma enchente, tirado pelo imigrante Johan Endlich. Em 1940 o pintor Ricardo, baseado na fotografia  da enchente de 1917. Na foto podemos vir duas vilas. A da esquerda onde tudo  começou em 1862, ampliada em 1890 com a chegada da família Endlich. As construções são dois comércios e casas, inclusive o sobrado. No lado direito tudo que foi construído pelo Bellarmino entre 1913 a 1917. Ainda podemos ver bem no canto a residência do Vitto Travaglia, que em 1927 vendeu para José Henrique Pereira. Em 1971  fui na residência do Arthur Kuster, filho do imigrante suíço Jacob Kuster. Arthur era primo da minha mãe,  carpinteiro e marceneiro. Quando os móveis da minha casa, tinha problemas, levamos para o Arthur consertar. Nesta ocasião eu já tinha interesse em historias de Marechal. Mostrou-me quatro fotos  da vila do Braço do Sul, com data de  1882. No verso além da data, tinha as inicias do fotografo. Acredito eu que seja o Alberto Richard Dietze, pois era padrinho de um dos filhos de Ulrich Kuster.  Eram fotos da residência do Ulrich Kuster, do Jacob. A que chamou atenção era  onde foi construído a estação. Não havia residências, o rio cheio de curvas, com pequenas matas e muitos descampados que seriam brejos.Fiquei encantado. Em 1976 voltou a sua residência. Arthur já era falecido. Venderam o famoso relógio suíço. Sobre as fotos, informaram que houve umas divergências na família, onde tudo foi queimado. Seus primeiros habitantes foram as família do suíço Johann Kuster e do alemão Carl Hermann Rupf.  Os Kuster adquiriram uma grande quantidade e terras. O centro de Marechal Floriano, pertenceu a esta familia. Já os Rupf toda a região que hoje  é a Rua Gustav Hertel, até o Bairro Santa Rita.A primeira escola é comércio ficava na Estrada do Batatal, hoje subida do Altevir Wassem. Eram os filhos do suíço Johan Kuster, Ulrich e Gustav Adolf. Primeiro caminho ou rua, foi a Estrada do Batatal que começava na cabeça da ponte, hoje Rua Emilio Gustavo Hülle e Manoel Kill. 
Não havia igreja, os luteranos partiam para Campinho e os católicos Santa Isabel. Primeiro cemitério foi construído pela familia Rupf, onde eram sepultados luteranos e católicos. Um dos registros mais antigo deste cemitério é do Paulo Schunck nasceu na Colônia de Santa Isabel em 03 de agosto de 1864, filho de Antonio e Bárbara Agneus Statzner Paulo faleceu em 13 de novembro de 1895, com 32 anos. Era católico. A direita Em 23/ 07/1899 Carl hermann Rupf  passaporte para viajar para Alemanha. Evidências - APEES. 
A partir de 1890 quando o governo estadual resolveu construir uma ferrovia para ligar a cidade de Cachoeiro do Itapemirim, onde a vila do Braço do Sul  estava incluído, então começou o desenvolvimento. Philipp Endlich, grande comerciante de Santa Isabel, compra ao lado da linha  dois terrenos, onde construiu seu comércio e casa de residência. Em 1896  o governo deu continuidade  na ferrovia. O Jornal Commercio do Espírito Santo de 22/07/1896, já anunciava restaurante na Vila do Braço do Sul.  Wandelino Schunck relatou que no período da construção, a vila tinha mais de mil empregados. Para construir a estação e os pátios, foram necessários aterrar uma grande parte, pois além de pedra, tudo era brejo. O serviço braçal  e puxado a carroças com animais de tração.
Neste trecho entre Viana e Braço do Sul, houve um numero expressivo de mortes por acidente e malária. Chegaram até de mudar o traçado da linha, saindo do Braço do Sul, passando por Santa Isabel e Campinho. Mas o custo seria bem maior. Evidencias no Anais da câmara dos deputados – Rio de Janeiro – 1904.

Lotes que formaram a vila do braço do sul/marechal  Floriano

Somente em 1862 começou a habitação nesta região. Embora   muitos  imigrantes chegaram em Santa Izabel, no final de 1859, onde ficaram  hospedados em barracões , trabalhando na construção de estradas, pontes e até ajudando outros imigrantes na construção de suas casas. Sobre os brasileiros, sabemos muito pouco.  A maioria veio de Viana, mas temos brasileiros que vieram do Ceará.  Soldados Voluntários da Pátria que serviram a Guerra do Paraguai, quando retornavam recebiam um premio. Muitos vieram para a Colônia. Quantos aos estrangeiros a maioria eram agricultores. Também vieram ferreiros, marceneiros, cervejeiros, pintor, alfaiate , comerciantes, carpinteiros,  etc. Sobre escravos, o imigrante não podia ter escravos. Porém sabemos que na Estrada de Costa Pereira haviam muitas famílias descendentes de escravos.  A direita o jornal O Espirito Santense de 06/08/1874, onde o Voluntário da Pátria Manoel Pereira da Victória requer um lote no Braço do Sul. Voluntário da Pátria era o cidadão que partiram para a Guerra do Paraguai.  Acervo; APEES
O imigrante ao chegar na Colônia, além de ter o transporte, tinha uma ajuda de custo durante um período, de adaptação, abertura do lote e construção de sua residência. Abaixo registro de despesas da Colônia de Santa Isabel, pelo diretor Adalbert Jahn de fevereiro/março de 1863, paga 60.000 reis ao suíço João Custer (Kuster) pelos serviços de derrubada e casa. Acervo: APEES
Registros de despesas da Colônia de Santa Isabel, pelo diretor Adalbert Jahn  de 1861. Abono de 9.300 reis para cada pessoa da familia do Hermann Rupf e 6.820 reis  para a familia d Johann Custer  Kuster). Acervo: APEES



Grandes cafezais, plantações de milho, pastos , lagoas e rios, córregos e brejos  e matas altas ,  que na metade do  século XIX com nome de Braço do Sul, hoje são ruas, bairros, avenidas e praças  da cidade de Marechal Floriano . Ainda nos primeiros dez anos do século XX, a Vila de Marechal não tinha mais que 30 Habitantes. A direita foto da Praça José Henrique Pereira em 1994. No século XIX era o lote de nº 253 , pertencente ao suíço Johann Kuster. Até 1898 este local era um alagado, Com a construção da ferrovia e a estação, toda esta área foi aterrada. João Kuster filho de Jacob, relatou, que seu pai gostava de pescar neste local, pois havia uma grande lagoa. Segundo João o rio Braço do Sul  tinha muitas curvas, com isso no período da chuva, inundava tudo. Foto: Acervo Jair Littig


Hermann Steinkopf

 Adquiriu o lote 251. Situado dentro da Vila do Braço do Sul, hoje região do comércio dos Lovatti.   Chegou no Rio de Janeiro, vindo de Liverpool em Janeiro de 1857. No mesmo ano veio para o  Espírito Santo  com 41 anos. Natural da Prússia. Foi contratado para trabalhar como agrimensor na Colônia de Santa Isabel.Faleceu em 25 de abril de 1871 com 60 anos, sepultado em Campinho. A causa da morte “golpe”. Em 1862 casou na Igreja luterana de Campinho com Diana Marie de Jesus. A direito relatório Manoel Felizardo de Souza Mello, constando a contratação de Hermann Steinkopf, como agrimensor.Acervo: Biblioteca Nacional – RJ- 1861         

  Johan Kuster

 Em junho de 1862 desembarcaram no Porto do Rio de janeiro a família do imigrante suíço Johann Kuster. Provavelmente seu destino era o Rio de Janeiro. Nasceu em Diepoldsau   vale do Reno , pertencendo  ao Cantão de St. Gallen, no leste da Suíça, no dia  26 de outubro de 1820, filho de Johannes Kuster e Magdalena Gasser. . Casou em 08 de julho de 1845 com Anna Bárbara Weder  nascida em 14 de abril de 1823, filha de Johann Balthasar Weder e Anna Bárbara Schawalder. Anna faleceu em  02 de maio de 1888, na Vila do Braço do Sul, sendo a causa wassersucht (barriga d’água). Em 31 de outubro do mesmo ano foram para o Espírito Santo. Em novembro foram enviados para a Colônia de Santa Isabel. De Vitória para a colônia, foram transportados pela tropa do Christovon Werner. Adquiriu terras na região sul da colônia, mas precisamente na recente Vila do Braço do Sul, hoje cidade de Marechal Floriano. Na vila construiu sua moradia, plantações de café, fabrica de moveis, tijolos  e ferramentas para carpinteiros,  comércio, construíram escolas . Adquiriu os lotes 253 A e B . Lotes que abrangiam uma grande extensão. Atualmente estes lotes hoje, representam  o centro de Marechal Floriano. Em 02 de fevereiro de 1892, na residência de Adolf  Kuster, reuniram Johann e seus  filhos   para tratar da venda dos dois lotes. Johann  Jacob , filho mais novo  comprou  os dois lotes   por uma quantia de  quinhentos cinquenta  e oito mil reis. Imagem acima a esquerda Recibo do pagamento pelos lotes 253 A e B, datado de 14/05/1898. APEES. 

Carl  Hermann Rupf
Chegou  no Espírito Santo em 06 janeiro de 1860, vindos da  Saxônia, cidade de Neukirchen. Foram para a Colônia de Santa Isabel, precisamente na Colônia Nacional do Braço do Sul.  Embarcou   no  sábado, dia 15 de outubro de 1859, no Porto de Hamburg,no navio Robert, sendo o Capitão o F. Gärden, com destino ao Porto do Rio de Janeiro. Chegou no  Rio de Janeiro em 22 de dezembro. No vapor  Mucury que saiu  no dia 03 de janeiro, do porto do Rio de Janeiro, para Vitória. Há família  Rupf ficou um período de aproximadamente 02 anos morando   em barracão,  na região de Santa Isabel, até que seus lotes 133 – 257-258 e 259, na região do rio Braço do Sul, até que  tivessem condições de habitar.Carl Hermann nasceu em 30 de janeiro de 1829, filho de Johann August Rupf e Christiane Caroline Friedrich. Tinha como profissão cervejeiro, mas na colônia foi agricultor, plantando café. Sua  terras  abrangiam  as margens da estrada do Batatal. Em uma das minhas conversas com o meu tio Emílio Gustavo Hülle , ele relatou uma história contada pela sua sogra Clara Endlich.“ Em uma viagem que fizemos para a Alemanha,  Carl diz que veio para o  Brasil  para produzir cerveja”. Viajou duas vezes para sua terra natal.  No processo da revisão do alistamento Eleitoral Federal  da Vila de Santa Izabel, em 26 de janeiro de 1892,Hermann Rupf, tinha 72 anos, viúvo, residente na Vila do Braço do Sul. Do livro Os Italemães na Terra Dos Botocudos de José Eugênio Vieira Joel Guilherme Velten. Era casado com Christiane Emília Kämpfe quando chegou no Brasil tinha 30 anos. Sobre sua morte e de sua esposa, não encontrei evidências. Sabe –se que em 1892 já era viúvo. Na imagem acima Residência dos parentes de Carl Hermann, na Alemanha. 


Magdalene Kuster

 Nasceu em 18 de junho de 1854, em Diepoldsau, St. Gallen  Suíça filha de Johann Kuster Bárbara Weder. Fez sua confirmação na Igreja Luterana de Campinho em 1871. Em 14 de janeiro de 1881 casou na igreja luterana de Campinho  com Emil Bartholomeu Hehr nascido em 24 de agosto de 1853, filho de Friedrich e Louise Rebier. Emil nasceu em  Messow, perto de Crossen na der Oder , província de Brandenburg, Prússia. Magdalene faleceu em 07 de agosto de1918. Viúvo, em 20 de novembro de 1919 casa com Magdalena Ribet, nascida em 04 de dezembro de 1854. Magdalena era casada com Wilhelm August Karl Kloos. Emil faleceu em 8 de setembro de 1946, sepultada em Chapéu.



Continua [ ... ]

Nenhum comentário:

Historias do Comércio - Indústria e Serviços de Marechal Floriano Part.: IV / VI

         Guilherme Eduardo Littig – Willy Nasceu em 16 de outubro de 1908, em Boa Esperança, filho de Peter Littig e  Margareth Hoffmann. Es...